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2009-01-29

O Amor do Vermelho (Nevrose de um lord) - Gomes Leal

A ideia de teu corpo branco e amado,
beleza escultural e triunfante,
persegue-me, mulher, a todo o instante,
- como o assassino o sangue derramado!

Quando teu corpo pálido, beijado,
abandonas ao leito - palpitante,
quem jamais contemplou, em noite amante,
tentação mais cruel, tom mais nevado?

No entanto - duro, excêntrico desejo!
- quisera, às vezes, que a dormir te vejo,
tranquila, branca, inerme, unida a mim...

que o teu sangue corresse de repente,
fascinação da Cor! - e estranhamente,
te colorisse, pálido marfim.

(Claridades do sul)
in Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, selecção prefácio e notas de Natália Correia; Antígona Frenes, Lisboa 2005

António Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 Jun 1848; m. 29 Jan 1921)

Ler do mesmo autor, neste blog: Romantismo; Som e Cor; O Visionário ou Som e Cor III; Cantiga de Campo


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