O QUE EU VI - Manuel de Arriaga
Saí um dia a contemplar o mundo,
Por ver quanto há de belo e quanto brilha
Na múltipla e gloriosa maravilha,
Que anda suspensa em o azul profundo!
Vi montes, vales, árvores e flores,
Límpidas águas, múrmuras torrentes,
Do grande mar as músicas plangentes,
Dos céus sem fim os trémulos fulgores!
Trouxe os olhos tão ricos de beleza,
O coração tão cheio de harmonia,
De quanto havia em terra, mar e céus,
Que interpretando a sós a Natureza:
Dentro de mim esplêndido fulgia,
Num circulo de luz, teu nome, oh Deus!
in CANTOS SAGRADOS, Manoel Gomes Editor, LISBOA, 1899
Nota: A ortografia foi atualizada pelo autor do blog
Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue (Horta, Matriz, 8 de julho de 1840 — Lisboa, 5 de março de 1917).
Manuel de Arriaga, a 24 de agosto de 1911, tornou-se no primeiro presidente eleito da República Portuguesa, sucedendo na chefia do Estado ao Governo Provisório presidido por Teófilo Braga.
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