Lá - Maria Virgínia Monteiro
Como o vento
à noite,
no telhado
esse lamento do mal que não tem cura;
"... nada
do que foi teu será
nada te pertence já...
nenhuma coisa passada te é futura..."
Escutas:
Pássaros da noite em soltas alvoradas
ou fantasmas loucos
de roxas madrugadas.
Transidas de escuros medos
de solidões
de lutas
de finitas paixões
e de segredos...
as fadas chegam,
do lembrar:
"...Nada é eterno teu...
só esse luto!...
O futuro perdeste-o no passado
Lá, no caminho sagrado
passou-te ao lado e
morreu..."
Escutas;
De longes e ocultas fundas grutas...
que há em ti
desabitadas
veladas vêm discretas
as vozes secretas
das boas fadas do antigo lar:
"...Não esse luto!...
Lá, nessa glória inteira da lembrança
do teu paraíso longínquo de criança,
é teu o absoluto..."
Maria Virgínia Santos Teles Guerra Monteiro nasceu em Espinho a 25 de maio de 1931
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