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2016-10-05

[Não quero o Deus de Aristóteles nem de Espinosa] - Cyro dos Anjos


Não quero o Deus de Aristóteles nem de Espinosa.
Quero o Deus de grandes barbas repartidas ao meio
que eu via nas estampas da História Sagrada,
sujeito a zangas e birras tal qual meu pai,
mas infinitamente bom e justo.

É no regaço desse Deus que hei-de ser acolhido.
Ele me puxará as orelhas, brincalhão: Vai, Belmiro,
perdoados são os teus pecados!
Fique naquela nuvenzinha cor de laranja
a ver os anjinhos brincarem de roda.

in Poemas Coronários

Ciro Versiani dos Anjos (Montes Claros, Minas Gerais, 5 de outubro de 1906 — Rio de Janeiro, 4 de agosto de 1994)


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