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2015-08-17

A Despedida I - Fagundes Varela

Filha dos cerros onde o sol se esconde,
Onde brame o jaguar e a pomba chora,
São horas de partir, desponta a aurora,
Deixa-me que te abrace e que te beije.

Deixa-me que te abrace e que te beije,
Que sobre o teu meu coração palpite,
E dentro d'alma sinta que se agite
Quanto tenho de teu impresso nela.

Quanto tenho de teu impresso nela,
Risos ingênuos, prantos de criança,
E esses tão lindos planos de esperança
Que a sós na solidão traçamos juntos.

Que a sós na solidão traçamos juntos,
Sedentos de emoções, ébrios de amores,
Idólatras da luz e dos fulgores
De nossa mãe sublime, a natureza!

De nossa mãe sublime, a natureza,
Que nossas almas numa só fundira,
E a inspiração soprara-me na lira
Muda, arruinada nos mundanos cantos.

Muda, arruinada nos mundanos cantos,
Mas hoje bela e rica de harmonias,
Banhada ao sol de teus formosos dias,
Santificada à luz de teus encantos!

In Cantos do Ermo e da Cidade, 1869

Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu em Santa Rita do Rio Claro (RJ) a 17 de agosto de 1841 e faleceu em Niterói (RJ) a 18 de fevereiro de 1875.

Ler do mesmo poeta, neste blog:
Ideal
Eu Passava Na Vida Errante;
Flor do Maracujá
Soneto: Desponta a estrela d'alva, a noite morre
Juvenília V


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