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2013-06-04

Fidelidade - Jorge de Sena (na passagem do 35º aniversário do seu desaparecimento)

Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como só a presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?

Diz-me asim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.



Extraído de Poemas de Amor, Antologia de poesia portuguesa, Organização e prefácio de Inês Pedrosa, Publicações Dom Quixote

Jorge Cândido de Sena (n. em Lisboa a 2 Nov 1919; m. em Santa Bárbara, Califórnia a 4 Jun 1978)

Ler neste blog do mesmo autor:
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Glosa À Chegada do Outono
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