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2013-06-01

Fábula Antiga - António Feijó

No princípio do mundo o Amor não era cego;
Via mesmo através da escuridão cerrada
Com pupilas de Lince em olhos de Morcego.

Mas um dia, brincando, a Demência, irritada,
Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou;
Foi a Demência logo às feras condenada,

Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou.
A Demência ficou apenas obrigada
A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou,

Como um pobre que leva um cego pela estrada.
Unidos desde então por invisíveis laços
Quando o Amor empreende a mais simples jornada,
Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos


(extraído de Poesias Completas, António Feijó, Caixotim Edições)

António Feijó (n. 1 Jun 1859 em Ponte de Lima m. 20 Junho 1917 em Upsala - Suécia)


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