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2012-02-09

Madonna das Flores Nocturnas - Amy Lowell

Trabalhei o dia inteiro.
Agora estou cansada.
Chamo: "Onde estás?"
Mas há apenas o sussurro dos robles ao vento.
A casa sossegada, o sol brilha nos teus livros.
Na tesoura e no dedal que acabas de pousar,
Mas não te vejo. Subitamente acho-me só:
Onde estás?
Procuro.
Encontro-te,
parada sob uma copa de azul pálido
com um cesto de rosas pelo braço.
Fresca, como prata,
Sorris.
Imagino os sinos de Cantuária tocando uma melodia.

Dizes-me que as pétalas precisam de ser borrifadas,
Que as colubrinas invadiram tudo,
Que a pyrus japónica devia ser podada.
Dizes-me tudo isto.
Mas olho-te, coração de prata,
Argêntea chama reluzente,
Ardendo sob as flores azuis da copa,
E há um desejo súbito de ajoelhar-me a teus pés,
Enquanto à nossa volta ressoam alto doces os Te Deums dos sinos de Cantuária

Tradução de Miguel Martins
in Os dias do Amor, um dia para cada dia do ano, recolha, selecção e organização de Inês Ramos; prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho; Ministério dos Livros

Amy Lawrence Lowell, nasceu a 9 de Fevereiro de 1874 em Brookline, Massachusetts, USA; m. 12 Maio de 1925 (Pulitzer Prize for Poetry 1926).


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