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2011-10-18

Morna de Despedida (Hora di Bai) - Eugénio Tavares

Hora di bai,
Hora di dor,
Ja'n q'ré
Pa el ca manchê!
De cada bêz
Que 'n ta lembrâ,
Ma'n q'ré
Fica 'n morrê!

Hora di bai,
Hora di dor,
Amor,
Dixa'n chorâ!
Corpo catibo,
Ba' bo que é escrabo!
Ó alma bibo,
Quem que al lebabo?

Se bem é doce,
Bai é maguado;
Mas, se ca bado,
Ca ta birado!
Se no morrê
Na despedida,
Nhor Des na volta
Ta dano bida.

Dicham chorâ
Destino de home:
Es dor
Que ca tem nome:
Dor de crecheu,
Dor de sodade
De alguem
Que'n q'ré, que q'rem...

Dicham chorâ
Destino de home,
Oh Dor
Que ca tem nome!
Sofrí na vista
Se tem certeza,
Morrê na ausencia,
Na bo tristeza!

(tradução em português)
Hora de ir,
Hora de dor.
Já quero
Que não amanheça!
De cada vez
Que eu lembro,
Mais eu quero
Ficar e morrer!

Hora de ir,
Hora de dor!
Amor,
Deixe-me chorar!
Corpo cativo,
Vai tu que és escravo!
Ó alma viva,
Quem que já te levou?

Se voltar é doce,
Ir é magoado;
Mas, se não fores,
Não voltas!
Se nós morremos
Na despedida,
Senhor Deus na volta
Dá-nos vida.

Deixa-me chorar
Destino de homem:
Essa dor
Que não tem nome:
Dor de Crecheu
Dor de Saudades
De alguém
Que eu quero, e que me quer...

Deixa-me chorar
Destino de homem,
Ó dor
Que não tem nome!
Sofrer na vida
Se tem certeza,
Morrer na ausência,
Da tua tristeza!

Eugénio de Paula Tavares (Ilha Brava, 18 de outubro de 1867 — Vila Nova Sintra 1 de junho de 1930)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Canção ao Mar - Mar Eterno
Força de Cretcheu


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