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2011-05-04

Naufrágio - Branquinho da Fonseca

A BALSA DE MEDUSA - THÉODORE GÉRICAULT (1791-1824)
(Museu do Louvre, Paris; 40,64 cm X 56,69 cm)

A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não soube amar.

Já não passava ninguém...
Era um mundo abandonado...
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado...

Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo...
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo...

Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia... E chegava ao porto
Com a aragem da janela.

António José Branquinho da Fonseca (Mortágua, 4 de Maio de 1905 – Cascais, 7 de maio de 1974)


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