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2010-12-30

The Betrothed / A Prometida - Rudyard Kipling



"You must choose between me and your cigar."
- BREACH OF PROMISE CASE, CIRCA 1885.

Open the old cigar-box, get me a Cuba stout,
For things are running crossways, and Maggie and I are out.

We quarrelled about Havanas - we fought o'er a good cheroot,
And I knew she is exacting, and she says I am a brute.

Open the old cigar-box - let me consider a space;
In the soft blue veil of the vapour musing on Maggie's face.

Maggie is pretty to look at - Maggie's a loving lass,
But the prettiest cheeks must wrinkle, the truest of loves must pass.

There's peace in a Larranaga, there's calm in a Henry Clay;
But the best cigar in an hour is finished and thrown away -

Thrown away for another as perfect and ripe and brown -
But I could not throw away Maggie for fear o' the talk o' the town!

Maggie, my wife at fifty - grey and dour and old -
With never another Maggie to purchase for love or gold!

And the light of Days that have Been the dark of the Days that Are,
And Love's torch stinking and stale, like the butt of a dead cigar -

The butt of a dead cigar you are bound to keep in your pocket -
With never a new one to light tho' it's charred and black to the socket!

Open the old cigar-box - let me consider a while.
Here is a mild Manila - there is a wifely smile.

Which is the better portion - bondage bought with a ring,
Or a harem of dusky beauties, fifty tied in a string?

Counsellors cunning and silent - comforters true and tried,
And never a one of the fifty to sneer at a rival bride?

Thought in the early morning, solace in time of woes,
Peace in the hush of the twilight, balm ere my eyelids close,

This will the fifty give me, asking nought in return,
With only a Suttee's passion - to do their duty and burn.

This will the fifty give me. When they are spent and dead,
Five times other fifties shall be my servants instead.

The furrows of far-off Java, the isles of the Spanish Main,
When they hear my harem is empty will send me my brides again.

I will take no heed to their raiment, nor food for their mouths withal,
So long as the gulls are nesting, so long as the showers fall.

I will scent 'em with best vanilla, with tea will I temper their hides,
And the Moor and the Mormon shall envy who read of the tale of my brides.

For Maggie has written a letter to give me my choice between
The wee little whimpering Love and the great god Nick o' Teen.

And I have been servant of Love for barely a twelvemonth clear,
But I have been Priest of Cabanas a matter of seven year;

And the gloom of my bachelor days is flecked with the cheery light
Of stumps that I burned to Friendship and Pleasure and Work and Fight.

And I turn my eyes to the future that Maggie and I must prove,
But the only light on the marshes is the Will-o'-the-Wisp of Love.

Will it see me safe through my journey or leave me bogged in the mire?
Since a puff of tobacco can cloud it, shall I follow the fitful fire?

Open the old cigar-box - let me consider anew -
Old friends, and who is Maggie that I should abandon you?

A million surplus Maggies are willing to bear the yoke;
And a woman is only a woman, but a good Cigar is a Smoke.

Light me another Cuba - I hold to my first-sworn vows.
If Maggie will have no rival, I'll have no Maggie for Spouse!


Versão em Português


"Você terá que escolher entre mim e o charuto.”
CASO DE QUEBRA DE PROMESSA MATRIMONIAL, CIRCA 1885

Abram a velha charuteira, dêem-me um Cuba bem fornido;
complicaram-se as coisas, Maggie e eu nos temos desentendido.

Por causa do Havana brigamos, brigamos por um bom charuto,
e eu percebo que ela exagera, e ela então me chama de bruto.

Abram a velha charuteira; que por um instante eu sossegue,
vendo através do véu azul da fumaça o rosto de Maggie.

É bem bonita de se olhar – Maggie, uma amável jovenzinha;
mas belas faces logo murcham e até o mais puro amor definha.

Num Larranaga existe paz, num Henry Clay a calma mora;
mas o melhor charuto logo se acaba, e a gente o deita fora –

deita fora por outro, tão perfeito, e escuro, e bem curtido;
coisa que com Maggie não faço, por medo ao boato e ao alarido.

Maggie, minha esposa aos cinqüenta – grisalha, e velha, e aquele humor! –
e não poder adquirir outra nem por ouro, nem por amor!

Tornada na treva de agora a luz ardente do passado,
e como a guimba de um charuto o lume do Amor apagado –

a guimba extinta de um charuto que no bolso se há de meter,
sem que, fumado até o toco, se tenha outro para acender.

Abram a velha charuteira – deixem-me ao menos refletir.
Aqui um suave Manila, ali uma esposa a sorrir.

O que é melhor: a servidão comprada ao preço de um anel,
ou todo um harém de morenas, cinqüenta, presas a um cordel?

Hábeis e mudos conselheiros, confortadores experientes,
e nem uma só das cinqüenta para esnobar as concorrentes?

Pensamentos de manhã cedo, consolo em épocas de abrolhos,
paz no silêncio do crepúsculo, bálsamo antes que eu feche os olhos,

eis o que as cinqüenta hão de dar-me, sem nada em troca demandar,
com só esta paixão sati: cumprir seu dever e queimar.

Eis o que as cinqüenta hão de dar-me. E, quando extintas e acabadas,
cinco vezes outras cinqüenta novas servas me serão dadas.

Encostas da distante Java e ilhas hispânicas também –
hão de outra vez enviar-me noivas quando acabar o meu harém.

Não me preocupará vesti-las nem tê-las bem alimentadas,
nem quando as gaivotas aninham, nem no outono das chuvaradas.

Vou perfumá-las com baunilha, temperar com chá suas peles;
Mouro e Mórmon terão inveja ao ouvirem a história delas.

Pois Maggie escreveu numa carta que eu escolhesse meu destino
entre o pequeno Amor chorão e o grandioso deus Nico Tino.

E por menos de doze meses do Amor não fui mais que um servente,
mas Sacerdote de Cabanas fui por sete anos certamente.

Meus negros dias de solteiro são coloridos no fulgor
de troncos que queimei somente por Gozo, Amigos, Lida e Ardor.

Se me volto para o futuro que provaremos Maggie e eu,
a única luz que há sobre os pântanos é o duro Amor e o jugo seu.

Terei uma jornada livre, ou nesses pântanos me afogo?
Se o fumo de um charuto o embaça, devo seguir o incerto fogo?

Abram a velha charuteira – deixem-me pensar outra vez;
velhos amigos, quem é Maggie para que eu despreze vocês?

Um bom milhão de Maggies extras aí estão para levar o andor.
Uma mulher é uma mulher, mas um Charuto é puro Odor.

Acendam-me mais outro Cuba – que fiel aos meus votos serei.
Se Maggie não vai ter rivais, nenhuma Maggie esposarei.


(Tradução de Renato Suttana daqui)

Joseph Rudyard Kipling (Bombaim, India, 30 Dec. 1865 - London 18 Jan. 1936)

Ler do mesmo autor, neste blog: If / Se


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