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2011-12-31

Happy New Year



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Temor - Junqueira Freire

Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas A cada instante te oferece a cova. Pisemos devagar. Olhe que a terra Não sinta o nosso peso. Deitemo-nos aqui. Abre-me os braços. Escondamo-nos um no seio do outro. Não há de assim nos avistar a morte, Ou morreremos juntos. Não fales muito. Uma palavra basta Murmurada, em segredo, ao pé do ouvido. Nada, nada de voz, - nem um suspiro, Nem um arfar mais forte. Fala-me só com o revolver dos olhos. Tenho-me afeito à inteligência deles. Deixa-me os lábios teus, rubros de encanto. Somente pra os meus beijos. Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas A cada instante te oferece a cova. Pisemos devagar. Olha que a terra Não sinta o nosso peso.


Luís José Junqueira Freire (n. em Salvador, Bahia em 31 Dez 1832; m. na mesma cidade em 24 de Junho de 1855).

Ler do mesmo autor:
Louco (Hora de Delírio)
Sei Rir-me

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2011-12-30

KAKEMONO - Luís da Câmara Cascudo



imagem daqui

Deixa, meu fino lírio japonês
Que o vento ulule fora da vidraça.
Tens o corpo sonoro de uma taça
E o teu quimono
Que envolve tua cinta esguia e fina
Dá-te um ar de princesa de neblina
Num castelo de outono...
Bem vês
Que o vento ulula fora da vidraça
E a chuva passa
Para ver-te, meu lírio japonês...

Luís da Câmara Cascudo nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro 1898 e faleceu na mesma cidade, em 30 de julho de 1986

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2011-12-29

OVO NUCLEAR - Maria Azenha

este reencontro com o Silêncio na procura de mim mesmo
esta busca de Paz em cada ave
em cada movimento
como uma janela entreaberta

este centro que
evolui com a paisagem

esta Viagem ao país do meu rosto
a minha janela fotográfica
este cigarro que acendo
e
que procura
o
Ovo

Maria da Conceição da Silva Rodrigues Azenha, nasceu em Coimbra em 29 de Dezembro de 1945.

Ler da mesma autora: Poema Eterno

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2011-12-28

Língua Portuguesa - Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (nasceu no Rio de Janeiro a 16 de Dezembro de 1865 e morreu na mesma cidade a 28 de Dezembro de 1918).

Neste blog pode encontrar do mesmo autor, mais os seguintes poemas:
Por Estas Noites
Nel Mezzo del Camin
Por tanto tempo
Delírio
Um beijo
Ao coração que sofre
Por Estas Moites Frias e Brumosas
Como Quisesse Livre Ser

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2011-12-27

Era uma vez ... (poema infantil) - Fernando Semana



Um, dois, três...
Era uma vez...
Não um rei conquistador...
Tão só um menino pequenino.
Não rima?
- Terá escolhido mal os seus caminhos? -
Vendo melhor, a palavra dor
Já dá com o tal rei e com amor.
Nandinho - chamemos assim ao menino
Que gostava da história dos três porquinhos -
Estudou..., fez-se adulto
E boa ou má sina,
Dependendo dos gostos,
P'ra esquecer os tempos adversos
E sublimar as tristezas
(Enquanto os políticos aumentam impostos
E os bispos fazem rezas),
Deu-lhe para fazer versos.
Mas como a inspiração não se ensina
Deve ao leitor pedir indulto
Não venha daí insulto...
Um, dois, três...
Era uma vez…

Fernando Semana, economista, nasceu em Valbom, concelho de Gondomar a 12 de Outubro de 1957

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Poema - Homenagem Póstuma - Alexandre Pinheiro Torres

Pode acontecer que já esteja bem morto
quando alguém disser que eu pudera ser grande;
e, então, será inútil o póstumo conforto:
nunca gozarei não ser o pobre Alexandre!

Pode acontecer que as hipócritas dores
que venham trazer ao pé do mausoléu,
perpassem por ele em tão fortes clamores
que façam abrir-me o ferrolho do Céu.

Pode acontecer que eu, então!, tenha o cúmulo
de todas as coisas sonhadas e vãs,
e que, assim, na vida começada no túmulo,
venha a conhecer o esplendor das Manhãs!

in Novo Génesis 1950

Alexandre Maria Pinheiro Torres nasceu em Amarante a 27 de Dezembro de 1923 e faleceu em Cardiff, País de Gales a 3 de Agosto de 1999)

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No Pó Dos Livros - Domingos de Oliveira



Um olhar pela estante, lá do pó
traz-me ao olhar as cartas dela, fico
de pé folheando aqui, ali, respigo
palavras do prazer entre as de dor
vazia a boca e ainda o amor
falando do desejo num gemido,
rasgando a carne,ou um grito
a vida inteira vivo em morto corpo.
Por um instante no claustro sou
a alma desolada de mariana, sinto
uma lágrima, só, queimar-me o livro
por onde inadvertido vou.
E porque me comove uma tal paixão
sorrio-me admitindo ser ficção.

in Devastações e Outros Fastos, poemas escolhidos de Domingos Oliveira, Unicepe

Ler do mesmo autor, neste blog:

Soube de ti na Primavera

Ao Luar

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2011-12-26

Cruel - Vespasiano Ramos

Ah, se as dores que eu sinto ela sentisse,
se as lágrimas que eu choro ela chorasse;
talvez nunca um momento me negasse
tudo que eu desejasse e lhe pedisse!

Talvez a todo instante consentisse
minha boca beijar a sua face,
se o caminho que eu tomo ela tomasse,
se o calvário que eu subo ela subisse!

Se o desejo que eu tenho ela tivesse,
se os meus sonhos de amor ela sonhasse,
aos meus rogos talvez não se opusesse!

Talvez nunca negasse o que eu pedisse,
se as lágrimas que eu choro ela chorasse
e se as dores que eu sinto ela sentisse!...

Joaquim Vespasiano Ramos (n. em Caxias, Maranhão a 13 Ago. 1884; m. em Porto Velho, Rondônia a 26 Dez. 1916)

Ler do mesmo poeta, neste blog:
Soneto da Volta
Samaritana
Ânsia Maldita

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Inscrição Numa Fotografia da Caverna dos Imortais, em Lushan, Tirada Pelo Camarada Li Chin - Mao Zedong


Nas sombras do sol-pôr vejo enormes pinheiros
nuvens confusas correm, mas serenas.
A Caverna dos Imortais foi criada pela natureza;
beleza infinda se encontra em cumes perigosos.

Trad. Manuel de Seabra

Mao Zedong ou Mao Tsé-Tung (n. 26 Dez. 1893 – m. 9 Set. 1976)

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2011-12-25

Natal - Sidónio Muralha

Hoje é dia de Natal.
O jornal fala dos pobres
em letras grandes e pretas,
traz versos e historietas
e desenhos bonitinhos,
e traz retratos também
dos bodos, bodos e bodos,
em casa de gente bem.

Hoje é dia de Natal.
- Mas quando será de todos?

Obras Completas do Poeta
Lisboa, Universitária Editora, 2002

Sidónio Muralha (n. Lisboa a 28 Jul 1920 - m. Curitiba, Paraná, Brasil a 8 de Dez 1982)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Soneto da Infância Breve
Dois Poemas da Praia da Areia Branca
Poemas de Sidónio Muralha
Romance

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2011-12-24

Feliz Natal

A
todos
aqueles
que gostam
de dormir mas
que se levantam
sempre de bom humor.
Aos que se saúdam com um
beijo. Aos que trabalham muito
e se divertem mais ainda. Aos que
conduzem com pressa mas não buzinam
nos semáforos. Aos que chegam atrasados, mas
não inventam desculpas. Aos que apagam a televisão
para uma boa cavaqueira. Aos que são duplamente felizes,
fazendo só metade. Aos que se levantam cedo para ajudarem um
Amigo. Aos que vivem com o entusiasmo de uma criança e a sabedoria
de um adulto. Aos que vêem uma luz mesmo quando está tudo escuro.
Aos que não
esperam
pelo
Natal
para
serem
melhores
- Homens e Mulheres –
Um Abraço meu
e
UM FELIZ 2012

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Poema de água e sal - Fernando Semana

Saudades de mim, fria ausência,
Dos sonhos que idealizei
Quis inventar em ti a essência.
Da fantasia azul que bordei,
Resta este eco silente
Do fulgor do mar rumorejante
Em tarde de despedida.

Da esperança que vi no teu olhar
- Minha invenção mal conseguida -
Sem ceifas ficaram restolhos
E do cristalino verde de meus olhos
Um leito de água e sal lacrimejante.

Fernando Semana nasceu em Valbom, concelho de Gondomar a 12 de Outubro de 1957

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2011-12-23

Madrigal - Filinto Elíseo

Dormias Márcia, e eu vi Cupido ansioso
Já dum, já do outro lado
Querer furtar-te um beijo gracioso,
Que tu, a cada arquejo descansado,
Na linda boca urdias.
Graciosíssimo, oh! Márcia!... Não sabias
Como o nume girava de alvoroço.
Escondendo-lhe o jeito
De o dar do melhor lado. Eu vim, e dei-to
Bem na boca, e logrei o esperto moço.


Filinto Elísio [Francisco Manuel do Nascimento](n. em Lisboa a 23 Dez 1734; m. 1819)

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SONO DE PRIMAVERA - Jorge de Sousa Braga


Mamilo

Adormeço sempre com o teu mamilo
entre os dedos da minha mão
E o meu sono é tranquilo
como o das rosas


Jorge de Sousa Braga nasceu a 23 de Dezembro de 1957, em Cervães, no concelho de Vila Verde.

Ler do mesmo autor, neste blog: Escalada

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Hora Solar - Carol Ann Duffy

Os ponteiros do relógio recuaram uma hora
e roubaram a luz da minha vida,
enquanto passava na parte errada da cidade
chorando o nosso amor.

E, sem dúvida, uma chuva persistente
caía na rua sombria,
enquanto o meu coração
remoía todos os nossos erros.

Se o céu negro me pudesse devolver
uma hora que fosse desse dia,
haveria palavras que nunca teria dito
e palavras que não teria ouvido dizer.

Mas estaremos mortos, bem o sabes,
onde a luz não pode chegar.
restam-nos os pequenos dias
e as noites intermináveis.
in Qual é a minha ou a tua língua - Cem poemas de amor de outras línguas, organização de Jorge Sousa Braga, Assírio & Alvim

Carol Ann Duffy nasceu em Glasgow, Escócia em 23 Dez. 1955

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2011-12-22

Adeus - José Régio




Vai-te, que os meus abraços te magoaram,
E o meu amor não beija!, arde e devora.
Foram-se as flores do meu jardim. Ficaram
Raízes enterradas, braços fora...

Vai-te! O luar é para os outros; e os afagos
São para os outros..., os que ensaiam serenatas.
Já a lua que nos lagos bóia pérolas e pratas
Não nasce para mim, que estou sem lagos.

Quando me nasce, é como um reluzir da treva,
Um riso da escuridão,
Que na minh'alma ecoa, e que ma leva
Por lonjuras de frio e solidão...

Vai-te, como vão todos; e contentes, de libertos
Do peso de eu lhes não querer trautear mentiras.
Como serias tu, flébil flor de olhos de safiras,
Que me acompanharias nos desertos?

Vai-te! não me supliques que te minta!
Beijo-te os pés pelo que me oferecias.
Mas teu amor, e tu, e eu, e quanto eu sinta,
Que somos nós mais do que fantasias?

Sim, amor meu: em mim, teu amor era doce.
Premir na minha mão a concha nácar do teu seio
Era-me um bem suave enleio...
Era... — se o fosse.

Vai-te!, que eu fui chamado a conquistar
Os mundos que há nos fundos do meu nada.
Talvez depois reaprenda a inocência de amar...
Talvez... mas ai!, depois de que alvorada?

Porque até Lá, é longe; e é tão incerto,
Tão frio, tão sublime, tão abstracto, tão medonho...
Como dar-te a sonhar este sonho dum sonho?

— Vai-te! a tua casa é perto.

in 366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco Graça Moura, Quetzal Editores

José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira (n. Vila do Conde 17 Set 1901; m. em Vila do Conde 22 Dez 1969)

Ler do mesmo autor neste blog:
Soneto de Amor

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2011-12-21

Morte, Juízo, Inferno e Paraíso - Bocage


Em que estado meu bem, por ti me vejo,
Em que estado infeliz, penoso, e duro!
Delido o coração de um fogo impuro
Meus pesados grilhões adoro e beijo.

Quando te logro mais, mais te desejo,
Quando te encontro mais, mais te procuro,
Quando mo juras mais, menos seguro
Julgo esse doce amor, que adorna o pejo.

Assim passo, assim vivo, assim meus fados
Me desarreigam da alma a paz, e o riso,
Sendo só meu sustento os meus cuidados.

E, de todo apagada a luz do siso,
Esquecem-me (ai de mim!) por teus agrados
Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.

in Os dias do Amor - Um poema para cada dia do ano,
Recolha, selecção e organização de Inês Ramos
Prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho
Ministério dos Livros

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Tudo Acaba
Ó Retrato da Morte! Ó Noite Amiga
Temo que a minha ausência e desventura
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...

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2011-12-20

Pintura Admirável de Uma Beleza - Gregório de Matos

Vês esse Sol de luzes coroado?
Em pérolas a Aurora convertida?
Vês a Lua de estrelas guarnecida?
Vês o Céu de Planetas adorado?

O Céu deixemos; vês naquele prado
A Rosa com razão desvanecida?
A Açucena por alva presumida?
O Cravo por galã lisonjeado?

Deixa o prado; vem cá, minha adorada,
Vês de esse mar a esfera cristalina
Em sucessivo aljôfar desatada?

Parece aos olhos ser de prata fina?
Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada
À vista do teu rosto, Caterina.

Gregório de Matos Guerra (Salvador, 20 de dezembro de 1633 ou 1636 — Recife, 1696)*
Estas datas são muito controversas e variam consoante as fontes. Seguiu-se a de José Miguel Wisnik, em Poesias selecionadas, Gregório de Mattos. Edição de José Miguel Wisnik. São Paulo: Cultrix, 1976

Ler do mesmo autor, neste blog: Contente, alegre, ufano passarinho; Soneto Lírico

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2011-12-19

Arrependo-me de a Meter num Romance - Vitorino Nemésio


O poema tem mais pressa que o romance,
Asa de fogo para te levar:
Assim, pois, se houver lama que te lance
Ao corpo quente algum, hei-de chorar.

Deus fez o poeta por que não descanse
No golfo do destino e amores no mar:
Vem um, de onda, cobri-la — e ela que dance!
Vem outro — e faz menção de me enfeitar.

Os outros a conspurcam, mas é minha!
Chicoteá-la vou com a própria espinha,
Estreitam-me de amor seus braços mornos,

Transformo seus gemidos em meus uivos
E torno anéis dos seus cabelos ruivos
Na raspa canelada dos meus cornos.

Extraído de366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores

Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (n. Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores a 19 de Dezembro de 1901 — m. em Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978)

Ler do mesmo autor:
Natal das Ilhas
Já um pouco de vento se demora
A Árvore do Silêncio
Outro Testamento
Semântica electrónica
Loa
Concha

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Dai-nos, meu Deus, um pequeno absurdo quotidiano que seja - Alexandre O'Neill

Dai-nos, meu Deus, um pequeno absurdo quotidiano que seja,
que o absurdo, mesmo em curtas doses,
defende da melancolia e nós somos tão propensos a ela!
Se é verdade o aforismo faca afia faca
(não sabemos falar senão figuradamente
sinal de que somos pouco capazes de abstracção).
Se faca afia faca,
então que a faca do absurdo
venha afiar a faca da nossa embotada vontade,
venha instalar-se sobre a lâmina do inesperado
e o dia a dia será nosso e diferente.
Aflições? Teremos muitas não haja dúvida.
Mas tudo será melhor que este dia a dia.
Os povos felizes não têm história, diz outro aforismo.
Mas nós não queremos ser um povo feliz.
Para isso bastam os suiços, os suecos, que sei eu?
Bom proveito lhes faça!
Nós queremos a maleita do suíno,
a noiva que vê fugir o noivo,
a mulher que vê fugir o marido,
o órfão que é entregue à caridade pública,
o doente de hospital ainda mais miserável que o hospital
onde está a tremer, a um canto, e ainda ninguém lhe ligou nenhuma.
Nós queremos ser o aleijado nas ruas,
a pedir esmola, a esbardalhar-se frente aos nossos olhos.
Queremos ser o pai desempregado que não sabe que Natal há-de dar aos seus.
Garanti-nos, meu Deus, um pequeno absurdo cada dia,
um pequeno absurdo às vezes chega para salvar.


Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill (n. em Lisboa a 19 de Dez de 1924; m. em 21 de Agosto de 1986).

Ler do mesmo autor:
O Beijo
Toma Lá Cinco
Um Adeus Português
Gaivota
A Meu Favor
Há Palavras Que nos Beijam

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2011-12-18

One eye sees, the other feels - Paul Klee

Red Balloon, 1922, Oil on muslin primed with chalk, 31.8 x 31.1 cm.
The Solomon R. Guggenheim Museum, New York

Paul Klee b. 18 December 1879 in Münchenbuchsee, Switzerland - d. 29 June 1940 Muralto, Switzerland)

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2011-12-17

Escuridão Formosa - Gonzalo Rojas

À noite toquei-te e senti-te
sem que minha mão fugisse para lá de minha mão,
sem que meu corpo fugisse, aos meus ouvidos:
de um modo quase humano
senti-te.

A pulsar,
não sei se como sangue ou como nuvem
errante,
em minha casa, na ponta dos pés, escuridão que sobe,
escuridão que desce, cintilante, correste.

Correste por minha casa de madeira,
e abriste as janelas,
e senti pulsar a noite toda,
filha dos abismos, silenciosa,
guerreira tão terrível e tão bela,
que tudo quando existe,
sem tua chama, não existiria para mim.

Trad. de José Bento
Gonzalo Rojas nasceu em Lebvu, Chile aos 17 dias do mês de dezembro de 1917 - m. Santiago, 25 de abril de 2011

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2011-12-16

Por estas noites frias e brumosas - Olavo Bilac

Amantes Imagem daqui

Por estas noites frias e brumosas
É que melhor se pode amar, querida!
Nem uma estrela pálida, perdida
Entre a névoa, abre as pálpebras medrosas

Mas um perfume cálido de rosas
Corre a face da terra adormecida ...
E a névoa cresce, e, em grupos repartida,
Enche os ares de sombras vaporosas:

Sombras errantes, corpos nus, ardentes
Carnes lascivas ... um rumor vibrante
De atritos longos e de beijos quentes ...

E os céus se estendem, palpitando, cheios
Da tépida brancura fulgurante
De um turbilhão de braços e de seios.

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (nasceu no Rio de Janeiro a 16 de Dezembro de 1865 e morreu na mesma cidade a 28 de Dezembro de 1918).

Neste blog pode encontrar do mesmo autor, mais os seguintes poemas:
Vita Nuova
Por Estas Noites

Nel Mezzo del Camin
Por tanto tempo
Delírio
Um beijo
Ao coração que sofre
Como Quisesse Livre Ser

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Musical Suggestion of the day: Um Beijo de Saudade - Mariza com Tito Paris



Mariza Reis Nunes , nasceu em 16 de Dezembro de 1973, na freguesia de Nossa Senhora da Conceição, na antiga Lourenço Marques, actual Maputo, Moçambique

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2011-12-15

Jogo do conhecimento - Fernando Semana

Diz-me quem és
Eu dir-te-ei quem sou.
Ao final de um mês
Trocamos de vez
Dir-te-ei quem és
Tu dizes-me quem sou.

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Nunca fui mal procedido - António Maria Eusébio

Nunca fui mal procedido.
Nunca fiz mal a ninguém.
Se acaso fiz algum bem
não estou disso arrependido.
Se mau pago tenho tido,
são defeitos pessoais.
Todos seremos iguais
no reino da eternidade.
Na balança da igualdade
Deus sabe quem pesa mais


António Maria Eusébio nasceu em Setúbal a 15 de Dezembro de 1819 - m. em 22 de Novembro de 1911

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2011-12-14

V - Chegada de Marânus à Montanha (excerto) - Teixeira de Pascoaes

«Lá vai meu pobre espirito ansioso,
Atraves dos espaços confundidos,
De estrelas hesitantes, brancas nuvens
E nocturnos desertos esquecidos...

Ando em procura de mim próprio; eu ando
Ao longo da infinita solidão
E de forças ocultas, que se cruzam
Num sítio, que é meu triste coração!
Eis que me perco, em grande labirinto!
E, perturbado e doido, apenas vejo
Onda fatal de comovido instinto,
Que me impele, violento, para um negro,
Misterioso abismo...

Como a espuma,
Foilha das águas, com as águas vai,
Na cerração fantástica da bruma,
Enlouquecido, vou levado, à tona
Dum alteroso mar de sentimento!
Qual o destino meu? Quem me responde?
Que diz a noite às lástimas do vento?
Que dizes tu, meu coração aflito?
E lá vais, e lá vais, arrebatado
No dorso dum dilúvio! E fico, a sós
Comigo, esse misérrimo punhado
De arrefecida cinza e vã tristeza!

Desconheço, meu corpo, a tua essência
Sombra animada de íntimo luar.
És feito de invisíveis elementos,
Embora te descubra o nosso olhar...
Miraculoso peso, assim composto
De imponderáveis cousas! Forma viva,
Contendo a indefenida morte escura,
A vaga Identidade primitiva...

Alma e corpo, que sois? E quem és tu,
Ó voz que os interrogas? Quem sou eu?
Sombra da terra, fala! Ó tu, que és feita
Talvez de toda a luz que tem o céu!»

Estas palavras, loucas, sem sentido,
Que os seus lábios proféticos disseram,
De eco em eco, arrastadas pelos vales,
Numa poeira de som se desfizeram...
Poeira que sobe, e é névoa de silêncio;
Névoa que arrepiada e fria aragem,
Perpassando, condensa, e é humano canto,
Doce marulho de água ou de folhagem.

(excerto do poema V Chegada de Marânus à Montanha, de Marânus)

Teixeira de Pascoaes pseudónimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, nascido no dia 2 de novembro de 1877 em Gatão, Amarante e falecido no dia 14 de dezembro de 1952 em Amarante.

Ler também do mesmo autor neste blog:
À Minha Musa
A Sombra da Vida (excerto)
Elegia do Amor;
A sombra do Tâmega;
Canção da Névoa;
O Poeta;
Quem és tu? De onde vens?...

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Recordando Rui de Mascarenhas

Encontro às 10 - Rui de Mascarenhas


Rui de Mascarenhas (Vila Pery, Moçambique, 14 de Dezembro de 1929 - Vila Nova de Gaia, 22 de Fevereiro de 1987)

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2011-12-13

Etérea diferença - Fernando Semana

Etérea diferença entre o sim e o não:
Entre o rasgado sorriso nos lábios
E a soturna tristeza no coração.
Venham de qualquer parte os sábios
Dizerem-me quem de mim eu sou
- Ansiedades lampejam nas brumas,
Sombrios deslumbramentos na solidão -
Num planeamento estratégico profundo
Descubram o caminho por que não vou
Se meus pés pisam chão de carumas
Tenho (ainda) em mim todos os sonhos do mundo!

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A MEIO PAU - Adélia Prado

Queria mais um amor. Escrevi cartas,
remeti pelo correio a copa de uma árvore,
pardais comendo no pé um mamão maduro
- coisas que não dou a qualquer pessoa -
e mais que tudo, taquicardias,
um jeito de pensar com a boca fechada,
os olhos tramando um gosto.
Em vão.
Meu bem não leu, não escreveu,
não disse essa boca é minha.
Outro dia perguntei a meu coração:
o que há durão, mal de chagas te comeu?
Não, ele disse: é desprezo de amor.


in 366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco Graça Moura, Quetzal Editores

Adélia Luzia Prado Freitas (nasceu em Divinópolis, Minas Gerais em 13 de dezembro de 1935).

Ler da mesma autoria:
Azul Sobre Amarelo, Maravilha e Roxo
Poema Começado do Fim
O Pelicano

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2011-12-12

NÉVOA - Alberto de Serpa

A Albano Nogueira


Abraçada à noite,
a névoa desce sobre a terra.

Imprecisamente,
como se a névoa fosse dos meus olhos,
vejo o casario e as luzes do outro lado do rio.
Mais à direita, ao longe,
são já da névoa a praia, o mar.
Ouve-se apenas o ronco do farol
- um som molhado.
Para o lado dos pinhais,
anda a bruma a fazer medo
e a pôr mais pressa nos passos de quem foge.

Não há luar, não há estrelas.
De novo olho par o rio.
Não sei se o vejo:
anda a névoa, já, com ele,
e os meus olhos não dizem o que é bruma, o que é rio.
E ela não pára,
avança ao meu encontro.

Cerca-me.
E eu tenho, só,
orvalho nas árvores do jardim,
gotas de água que se partem na alameda,
o ar húmido que me trespassa,
o molhado ronco do farol,
os cabelos encharcados
e pensamentos de névoa

(Descrição, 1935)
in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI; Porto Editora

Alberto de Serpa Esteves de Oliveira (nasceu no Porto a 12 de Dezembro de 1906 - m. na mesma cidade a 8 de Outubro de 1992)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Incerteza
Um Jovem Camarada
Poema III
Interferência

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2011-12-11

Benfica tão perdulário arranca vitória a ferros na Madeira


Marítimo

0 - 1

Benfica


Cardoso uma questão de não ter ou ter

killer instinct

Depois da eliminação da Taça de Portugal o Benfica regressou aos Barreiros no Funchal pressionado pelos triunfos do Porto em Aveiro e do Sporting em casa frente ao Nacional.

Para além da ausência de Luisão (ainda lesionado) adicionou-se a de Gaitán lesionado no jogo da Champions, mas Jorge de Jesus apostou numa equipa ofensiva com Rodrigo pela esquerda e Bruno César pelo lado direito com Aimar no apoio a Cardozo.

A equipa do Marítimo sempre muito agressiva equilibrou os primeiros vinte minutos de jogo com Roberto de Sousa na marcação em cima a Aimar e com o organizador do jogo ofensivo a ter problemas em pegar no jogo. Durante este período verificou-se duas jogadas de perigo. Aos 13' Rodrigo a obliquar da direita para o centro rematou ao segundo poste mas ligeira,mente ao lado. Depois num lançamento longo para a esquerda o cruzamento foi desviado mas para uma zona perigosa aparecendo Olberdam a rematar ao lado.

Com o recuo de Aimar - trocando com Witsel - a equipa encarnada passou a controlar o jogo e a ameaçar o golo que foi sendo desperdiçado sucessivamente.

Numa tabelinha Aimar isolou-se e em vez de rematar pretendeu contornar Peçanha que não se deixou enganar. Depois aos 32' um lance digno dos apanhados: Cardozo com a baliza totalmente aberta e sem estorvos de qualquer espécie e de pé esquerdo falhou clamorosamente a baliza ao rematar ao lado, após assistência de Maxi Pereira, em lance sem qualquer explicação e de fazer perder a paciência a um santo.

Na parte final da primeira parte Jorge Sousa teve de ir ao bolso para um conjunto de advertências aos jogadores do Marítimo por agressividade nas faltas, depois da estreia ter sido para Javi Garcia por corte de um lance com o braço. Também Emerson e Rafael Miranda viram o cartão amarelo num lance pouco claro quando o Benfica desenvolvia lance ofensivo.

No início da segunda parte a estratégia do Marítimo sofreu um golpe duro com a expulsão de Olberdam ao ceifar junto da lateral Maxi Pereira em lance em que o médio local não foi capaz de se conter, uma vez que não seria caso para jogada de perigo.

Esta expulsão condicionou todo o resto do jogo com a equipa local a procurar queimar tempo de todfas as maneiras posíveis e o Benfica a atacar em massa chegando a estar simultaneamente em campo Aimar, Rodrigo, Cardozo e Saviola, com as substituições que Jesus operou tirando Witsel para a entrada de Saviola.

O Martítimo de quando em vez com lança,mentos longos para Sami lá ia dandoi problemas a Maxi Pereira mas o jogo tinha um sentido único apersar da pouca oibjectividade do Benfica na finalização. Objectividade mintroduzida por Nolito que substituiu Cardozo a dez minutos do fim o que permitiu ao Benfica explorar o lado direito da defesa do Marítimo. Um remate cruzado de primeira do espanhol obrigou Peçanha a defender para canto e aos 85' após uma jogada de insistência com cruzamento na direita de Maxi Pereira, cabeceamento de Jardel para defesa incompleta de Peçanha, novo remate de Nolito, a bola desvia num defesa do Marítimo, Cardozo - o improvável marcador depois do falhanço monumental da primeira parte - finalmente inaugurou o marcador.

Os últimos minutos foram de loucos com o Marítimo a apostar ainda na tentativa de empate e Ruben Amorim a entrar (substituindo Cardozo) para complicar com uma perda de bola comprometedora e o 0-2 desaproveitado em vários lances de contra-ataque.

O Benfica demonstrou estar forte em termos de solidez de jogo mas a demonstrar nesta fase da época uma performance concretizadora bastante fraca que a pode penalizar.

Foi um jogo difícil também para a equipa de arbitragem mas que teve comportamento correcto na expulsão de Olberdam. Os assistentes falharam na apreciação de dois foras de jogo com penalização do ataque encarnado. No golo do Benfica não há fora de jogo.


Árbitro: Jorge Sousa (Porto)
MARÍTIMO: Peçanha, Ruben Ferreira (Igor Rossi 71'), Roberge, João Guilherme, Briguel, Rafael Miranda, Roberto de Sousa, Olberdam, Héldon (Danilo Dias 78'), Sami, Baba (Fidelis 80').

BENFICA: Artur Moraes, Emerson, Garay, Jardel, Maxi Pereira, Witsel (Saviola 67'), Bruno César, Aimar, Javi García, Rodrigo (Nolito 81'), Cardozo (Rúben Amorim 88').

Golos: 0-1 Cardozo 85'
Disciplina: 29' Cartão Amarelo para Javi García (Benfica), por jogar a bola com a mão.
39' Cartão Amarelo para Roberto de Sousa (Marítimo), por falta sobre Javi García.
41' Cartão Amarelo para Emerson (Benfica) e para Rafael Miranda (Marítimo).
42' Cartão Amarelo para Olberdam (Marítimo), por falta sobre Aimar.
50' Cartão Amarelo para Baba (Marítimo), por protestos.
50' Cartão Amarelo para Aimar (Benfica), por falta sobre Héldon.
63' Cartão Amarelo para Maxi Pereira (Benfica), por falta sobre Sami.

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As Claras Imagens - Manuel Gusmão

Supõe aquele homem sentado na redonda brancura
de um pátio em que o sol chove as paredes transparentes.
Ele olha a tremenda e maligna glória do dia: sim,
sou uma pedra de sob o sol, mas uma pedra cheia de noite.
Então, as máquinas de cena apagam toda a luz e acendem
uma imagem semovente e fixa do universo;

da noite do universo;

o homem, esse, é aqui um velho braço de mar; uma bicicleta
incompleta em que o vento inventa a música agreste
e frágil; um rádio antigo continuando a soar enquanto
vai caindo pelos degraus da última casa. Este homem
é um cão cego; uma repetição inútil; uma cadeira
baloiçando vazia ao pé de um candeeiro cuja luz decai.

A última irmã (na ordem da invenção)
trouxe uma cadeira para o pátio com a palmeira
inventada ao centro e pensa para ele:
Dizemos que as nuvens do outono se despedem
por música
da glória do oiro incendiado alto.
Vivemos tempos que não merecíamos. Há muito
que te pressentia assim: um homem afogado e
depositado na praia. Um homem a quem secaram
toda a música. Mas porquê tão cedo?
Porquê das claras imagens tão cedo te perdeste?
Respiras demasiado alto, oiço o teu esforço
e é contra esse som que te digo: Diz-me
o que queres. Se quiseres virei sentar-me
aqui mesmo, de frente para ti. Como agora.
Sim, fico,
ficarei à espera de te ver a entrar nela.
Estarei cá -
demasiado tarde mas um pouco antes -
virei a tempo de te ver entrar
na tua morte.
Guardarei em mim a tua figura vacilante firme
a desaparecer entrando nela.
Guardarei essas imagens e esquecê-las-ei tão fundo
quanto puder, até as ter no cinema do sangue, nas
mãos que te inventaram, até as ter em dedos.
E mais tarde voltarei então ao lugar da tua ausência
e sílaba por sílaba cantarei por ti
cantarei em direcção a ti
as claras imagens em que morrias.
E escreverei no piano
das águas
as provas de que viveste, de que estiveste vivo
um dia.


"Migrações do Fogo",2004

Manuel Gusmão nasceu em Évora a 11 de Dezembro de 1945

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2011-12-10

Assim Fugi Eu... - Nelly Sachs

Assim fugi eu da palavra:

Um pedaço da noite
de braços abertos
só uma balança
para pesar fugas
este tempo de estrelas
afundado em pó
co'as pegadas impressas.

Agora é tarde,
o leve sai de mim
e também o pesado
os outros já voam
como nuvens pra longe
braços e mãos
sem gesto de levar.

Fundo-escuro é a cor da nostalgia sempre
assim a noite toma
de novo de mim posse.

Trad. Paulo Quintela
in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Porto Editora

Nelly Sachs nasceu em Schöneberg, Alemanha em 10 de dezembro de 1891 e faleceu em Estocolmo em 12 de Maio de 1970. Foi Prémio Nobel da Literatura em 1966.

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MISE EN SCÈNE - Sylvia Beirute

a percepção é que é o poema.
as palavras
não funcionam como um todo.
existe um verso
em trânsito que
vai consumindo todos os outros.
que vai de dentro para fora.
e é ele verdadeiramente
que chega
aos olhos da leitura.
ele e só ele.
não existe isso do poema.
a percepção
é que é o poema.
e a percepção pode ser um pedaço
de silêncio dividido em dois
ou um espelho de memória
ou um animal mal domesticado.
estou a ver. sim.
e talvez resida aí a dificuldade
de toda a poesia.

Extraído do blog da autora

Sylvia Beirute nasceu em Faro a 10 de Dezembro de 1984

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Lágrimas Fingidas - João Melchíades

João Melchíades Ferreira da Silva nasceu em Bananeiras, Paraíba aos 7 de setembro de 1869 e faleceu em João Pessoa, Pernambuco, no dia 10 de dezembro de 1933.

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2011-12-09

A Rosa - Um Suspiro - Almeida Garrett



Se esta flor tão bela e pura,
Que apenas uma hora dura,
Tem pintado no matiz
O que o seu perfume diz,
Por certo na linda cor
Mostra um suspiro de amor:
Dos que eu chego a conhecer
É este o maior prazer.
E a rosa como um suspiro
Há-de ser; bem se discorre:
Tem na vida o mesmo giro,
É um gosto que nasce e - morre.

Extraído de Poemas Portugueses, Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (n. no Porto a 4 de Fev. 1799; m. em Lisboa 9 Dez. 1854)

Ler do mesmo autor:
Os Meus Desejos
Seus Olhos
Este Inferno de Amar
Não te amo
Rosa sem Espinhos
Seus Olhos
Destino
Não És Tu

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2011-12-08

À MORTE - Florbela Espanca

Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera,… quebra-me o encanto

Florbela Espanca (n. Vila Viçosa, 8 Dez. 1894; m. Matosinhos em 8 Dez. 1930). «Bela» teve a sua vida inelutavelmente ligado ao dia 8 de Dezembro. Para além do nascimento, casou-se em 8 de Dezembro de 1913 (ou seja no dia em que completava 19 anos) e, como no poema que transcrevemos hoje, abraçou a morte no dia em que comemorava o 36º. aniversário.

Ler neste blog da mesma autora:
O Nosso Livro
Horas Rubras
Tarde de Mais
Ser poeta é
Amar!
Soror Saudade
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha
Cantigas leva-as o vento

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Kate Upton: uma pequena compensação para os tristinhos adeptos do FCP


Kate Upton

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2011-12-07

Big surprises: English teams Man. United and City out. Real Madrid full points and Lyon (7-1 in Zagreb) beats Ajax by goals advantage








Group Stage: Matchday 6; 7 December 2011
Group A

Group B
Man. City
2-0
Bayern

Internazionale
1-2CSKA Moskva
Villarreal
0-2
Napoli

Lille
0-0Trabzonspor
Group C

Group D
SL Benfica
1-0Otelul Galati
Ajax
0-3Real Madrid
Basel
2-1
Man. United
Dinamo Zagreb
1-7
Ol.Lyonnais



Standings
Group A

Group B
Bayern6
1311-6
Internazionale
6
10
8-7
Napoli6
1110-6
CSKA Moskva
689-8
Man. City
6
106-3
Trabzonspor
67
3-5
Villarreal
6
02-14
Lille
6
66-6
Group C
Group D
Benfica
6128-4
Real Madrid
6
1819-2
Basel
6
11
11-10
Ol. Lyonnais
6
89-7
Man. United
6
9
11-8
Ajax
6
86-6
Otelul Galati
6
0
3-11
Dinamo Zagreb
6
03-22

Yesterday - 6 December 2011
Group E
Group F
Chelsea
3-0Valencia

Olympiacos
3-1Arsenal
Genk1-1Bayer Leverkusen
B. Dortmund
2-3Marseille
Group G
Group H
FC Porto
0-0Zenit
Barcelona
4-0Bate Borisov
Apoel
0-2Shakhtar
Viktoria Plzen
2-2Milan

Standings
Group E

Group F
Chelsea
6
1113-4
Arsenal
6
11
7-6
Bayer 04 Lev.
6
108-8
Marseille
6107-4
Valencia
6
8
12-7
Olympiacos
69
8-6
Genk
6
3
2-16
B. Dortmund
6
46-12
Group G

Group H
Apoel
696-6
Barcelona
6
1620-4
Zenit
6
9
7-5
Milan
6
911-8
FC Porto6
8
7-7
Viktoria Plzen
6
5
4-11
Shakhtar
6
5
6-8
Bate Borisov
6
22-14

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Benfica vence o Grupo da Champions em que o Man. United ficou eliminado

Benfica logo

SL Benfica

1-0

Otelul Galati

Serviços mínimos deram para garantir posto máximo

Desde os antecedentes do jogo se augurava que este não iria ser entusiasmante. Uma assistência medíocre para um jogo da Champions League penalizada(!) seja pelo sucesso prévio adquirido pelo bom comportamento da equipa das águias seja pela eliminação e primeira derrota da época no jogo anterior para a Taça de Portugal.

Sem Luisão (ainda lesionado) e sem Maxi Pereira castigado o início do jogo anunciou uma pressão alta da equipa romena com uma barreira quase intransponível na zona do meio campo que a pouca mobilidade dos jogadores da frente da equipa da casa evitava que fosse ultrapassada por passes incisivos. Assim a bola rodava com pouca fluência e com pouco velocidade. Só Aimar - jogador fantástico - quando pegava na bola conseguia articular os lances. Dois lances de perigo criados pelo Benfica, num caso com lançamento directo de Bruno César obrigando o guarda-redes a sair ao limite da área para evitar a recolha da bola por Gaitán e depois no lance do golo numa jogada com a intervenção de Witsel, Gaitan foi à linha de fundo e ultrapassando a oposição do defensor directo assistiu Cardozo ao segundo poste para este desviar vitoriosamente. Aos 7' o Benfica sem ainda fazer grande coisa já ganhava...

Poucos minutos volvidos Streller em Basileia colocava a equipa suiça em vantagem relegando, na altura, a equipa do Manchester United para fora da Champions.

Aos 17' Silviu Ilie foi tocado por Gaitán com um desequilíbrio na zona da anca e o jogador romeno caiu mal não mais recuperando, vindo a ser substituído aos 21' por Ljubinkovic.

O jogo da Luz não mudaria muito de figura - com muitos passes laterais entre os centrais e pouca capacidade de progressão com os romenos sempre atrás da linha da bola. Aos 33' Cardozo num remate de fora da área à meia volta procurou dar um pontapé na monotonia mas a bola sairia ao lado. A equipa visitante até justificava ao intervalo um melhor resultado graças à actividade de Neagu e de Antal, especialmente este último que se distanciou favoravelmente em termos de categoria e classe. Com efeito, Artur foi mais uma vez decisivo ao evitar aos 35' com uma saída ao isolado Paraschiv que o Otelul empatasse desviando ainda a recarga de Giurgiu o que permitiu que depois um defesa afastasse definitivamente a bola do caminho da baliza. Aos 42' voltaria a fazer uma boa defesa a rechaçar a bola após remate perigoso de Antal.

Na segunda parte o jogo só melhoraria um tanto com a substituição de Bruno César por Nolito (aos 57') em que as características do espanhol de finta curta se adaptavam melhor ao jogo de pouca profundidade.

Javi Garcia num remate de longe aos 62' fez a bola rasar o poste e aos 70' para além da exibição do cartão amarelo a Cardozo que o colocou logo na linha da substituição os treinadores mexeram nas equipas. No Benfica saiu Aimar (que se visse cartão amarelo não poderia jogar o próximo jogo) entrando Rodrigo e no Otelul saía Ionut Neagu para entrar Pena para uns minutos depois Saviola substituir Cardozo e o esgotado Antal dar o lugar a Frunza.

Perto do final com os romenos mais avançados no terreno e o Benfica já só a jogar com dez por lesão de Gaitán - fora do jogo com o Marítimo - o Benfica conseguiu um contra-ataque com Rodrigo isolado e com muito espaço a escolher uma deficiente finalização rematando demasiado cruzado e desperdiçando um 2-0 que seria um resultado enganador.

A arbitragem alemã num jogo fácil e de pouca intensidade também não complicou.

Na Suiça o Basileia fizera por Frey o 2-0 aos 85' e o golo do Man. United por Phil Jones aos 89' já não alterou o rumo da equipa inglesa surpreendentemente eliminada.

O Benfica conseguiu o primeiro lugar mas não é com exibições como a de hoje que a equipa encarnada terá possibilidades de ultrapassar o seu próximo adversário que sairá dentre o lote: Napoli, CSKA Moscovo, Lyon, Bayer Leverkusen, Marselha, Zenit e Milan.

Veremos como a equipa se comporta no próximo importante jogo dos Barreiros no Funchal.

UEFA Champions League

Group stage (Group C)

07 December 2011, 20:4
Estádio do Sport Lisboa e Benfica
Árbitro: Manuel Gräfe (Germany)
BENFICA: Artur; Rúben Amorim, Jardel, Garay e Emerson; Witsel e Javi García; Gaitán, Aimar (Rodrigo 70') e Bruno César (Nolito 57'); Cardozo (Saviola 79').

OTELUL GALATI: Grahovac, Rapa, Benga, Perendija, Silviu Ilie (Ljubinković 21')Ionut Neagu (Pena 70'), Ioan Filip, Giurgiu, Antal (Frunză 81'), Paraschiv, Iorga.

Golos: 1-0 Cardozo 7'
Disciplina:
70' Cartão Amarelo para Cardozo (Benfica).
83' Cartão Amarelo para Ljubinkovic (Otelul Galati).
86' Cartão Amarelo para Giurgiu (Otelul Galati).

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Poeta: Arquitecto das Palavras - Fernando Semana

Poeta: arquitecto das palavras…
Mil sentidos, sem sentido, dás à vida
Seara dourada que sem sementes lavras
Obra magnificente sem projecto erigida.

Compositor de sons da pauta das almas
Retratas, reconstróis e filtras o sentimento
Da puta da vida as desilusões acalmas
De amores platónicos extrais o alimento.

Geográfo da natureza, inventas estrelas no céu
Gastronómicos momentos traduzes em sabores
Ilusionista das sílabas, da morte… descobres o véu
Paleta de múltiplas cores, filósofo de desamores.

E da tua sorte quem trata? Louco… vais ao psiquiatra!

(Ou suicidas-te para não pagares taxa moderadora…)


Fernando Semana

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Soneto de Mal Amar - Ary dos Santos

Invento-te recordo-te distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.

A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.

E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.


in 'O Sangue das Palavras'

José Carlos Ary dos Santos nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1937 e faleceu a 18 de
Janeiro de 1984

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TRISTE FILOSOFIA - Carlos de Laet

Ia Rosa vestir-se, e do vestido
Uma voz se desprende e assim murmura:
"Muitas morremos de uma morte escura,
Porque te envolva sérico tecido".

Ia toucar-se, e escuta-se um gemido
Do marfim que as madeixas lhe segura:
"Por dar-te o afeite desta minha alvura,
Jaz na selva meu corpo sucumbido!"

Põe um colar, e a pérola mais fina:
"Para pescar-me, quantos párias, quantos!
Padeceram no mar lúgubres sortes!"

E Rosa chora: "Oh! desditosa sina!
Todo sorriso é feito de mil prantos,
Toda vida se tece de mil mortes!"


Carlos Maximiliano Pimenta de Laet (Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1847 — Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1927)

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2011-12-06

Haicai - Joanyr de Oliveira

Sempre a olhar os céus,
errei. Bem mais errarei
contemplando a terra.



Joanyr de Oliveira nasceu em Aimorés, Minas Gerais a 6 de dezembro de 1933 — f. em Brasília, 5 de dezembro de 2009)

Ler do mesmo autor neste blog: Pastoreio

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Cartas de Amor - Maria Sabina

Quando recebo as minhas cartas cada dia,
tenho um lindo momento de alegria!
São notícias diversas
das criaturas amigas que, dispersas
por este mundo, aos quatro ventos,
recordam-se de mim com amizade
e, para suavizar a distância e a saudade,
vêm conversar comigo alguns momentos.
E alguém me disse um dia:
“Se tens tamanho encanto
em receber cartas amigas simplesmente,
tu que te alegras tanto,
certamente
enlouquecias de alegria,
estremecias de fervor
se estas cartas comuns fossem Cartas de Amor!"
E então me recordei que no lindo romance
que foi o meu amor,
tive tudo o que estava ao meu alcance,
todo o esplendor,
a beleza, a ternura, o encanto, a ânsia,
mas não tive a Distância
nem as Cartas de Amor.
E hoje que a Eterna Ausência nos separa
e que a Distância que ninguém transpôs,
como uma Via Láctea imensa e clara
se estende entre nós dois,
como seria bom se as estrelas cadentes,
riscando a noite com seu fulgor,
pequeninos correios refulgentes,
trouxessem lá do céu minhas Cartas de Amor!

Extraído daqui

Maria Sabina de Albuquerque, nasceu em Barbacena (MG), no dia 6 de dezembro de 1898 e faleceu, em 17 de julho de 1991, no Rio de Janeiro.

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Ofertório - Félix Pacheco

Cerca-te a nobre fronte uma auréola bendita.
Na nostalgia azul dos teus olhares leio
Uma Balada atroz com Lágrimas escrita.

És para mim, ó Mãe, o vigoroso esteio
Que sustenta de pé a velha e augusta Cripta,
A colunata de oiro erguida em frágil seio,

Para amparar a Torre Astral dos Meus Cismares,
E impedir que ela tombe, em pó desfeita, em ruínas.
A tua voz espalha, em ondas, pelos ares,

Suaves, doridos sons de aflitivas surdinas,
Enchendo o Oceano, enchendo os Céus, enchendo os Mundos.
Como um Réquiem cantado através de neblinas.

Vieste para extinguir os tormentos profundos!
Vieste para apagar as velhas cicatrizes,
Para descortinar o Céu aos moribundos!

Vieste para aliviar a Dor dos infelizes!
Vieste para espancar as Trevas de Minh'Alma,
Para arrancar à Dor as rígidas raízes!

Arcanjo de asa branca e protetora espalma,
Emissário de Deus, ó Mãe, tu me trouxeste,
Como uma Bênção do Alto, a esplendorosa calma.

Abrandas a Agonia, exterminas a Peste,
Escravizas o Leão ao teu olhar piedoso,
E o Corvo teme, e o Tigre, a alvura que te veste.

Arcanjo, Santa, Lírio, Estrela, Sol glorioso,
Filtro que os Corações Humanos fortalece,
Tamareira que ensombra o deserto arenoso,

Mater! Suprema Força! Acolhe minha prece!

Extraído daqui

José Félix Alves Pacheco, nasceu em Teresina, PI, em 2 de agosto de 1879, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de dezembro de 1935.

Ler do mesmo autor, neste blog:
O Poeta e o Tempo
Do Cimo da Montanha
Símbolo d'Arte
Em Louvor do Soneto
Estranhas Lágrimas
Visita Infalível

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2011-12-05

Jorge de Jesus e Benfica candidatos ao Prémio Nobel da Paz

É verdade. Os leitores regulares do Nothingandall ter-se-ão apercebido que na passada sexta-feira não viram aqui referência ao jogo da Taça de Portugal entre o Marítimo e o Benfica em que os encarnados de Lisboa sofreram a primeira derrota da época e foram, portanto, eliminados da prova. Com efeito, o Benfica não manteve o estatuto de única equipa invicta entre as equipas participantes das provas europeias de futebol. Mas o Nothingandall sempre na linha da frente da informação futebolística (e não só...) sabe que houve razões muito fortes para essa derrota. É que para além das exclusões de Cardozo (castigado), Luisão (lesionado) e Artur (face à normal rotatividade dos guarda-redes nestas provas), Jorge de Jesus deixou no banco Maxi Pereira, Javi Garcia e Aimar! Ou seja do onze inicial de Alvalade faltaram cinco...

Vejam lá que até Capdevilla, que finalmente tinha hipóteses de justificar algum do dinheiro que ganha, foi dispensado para estar na Ucrânia no sorteio do campeonato da Europa em vez de substituir a peça mais frágil da defesa do Benfica - Emerson.

Na realidade, essa derrota fez parte do cumprimento de um planeamento estratégico da paz! Isso mesmo...

Ao intervalo o Benfica vencia por 1-0 com um golo de penalty por pretensa falta sobre Nolito que Saviola tentou falhar - o guarda-redes do Marítimo adivinhou o sítio para onde a bola foi rematada esteve quase a defendê-la mas deixou-a, afinal, ultrapassar a linha de golo. Ó Paulo Batista vai-te lixar... para que assinalaste este penalty? Eu quero um é para a semana... este foi contra os interesses do Benfica. Mas isso também já nós estamos habituados... Só faltava ver um árbitro a apitar a favor do Benfica... até os supostos árbitros benfiquistas (leia-se P.P. ou seja Pedro Proença), fartam-se de nos prejudicar.

De facto, Jesus ao intervalo teve que dar um sermão aos jogadores porque eles não tendo jogado grande coisa na primeira parte ainda assim estavam a ganhar face a uma frágil oposição maritimista e ao tal penalty...

Na segunda parte sim, os locais passaram a jogar alguma coisa e Matic, apesar da envergadura física, desapareceu... o craque Rodrigo falhou isolado o segundo golo - finalmente cumprindo as orientações do treinador -, Rúben Amorim passa a ser um buraco na defesa, seguindo igualmente as instruções do treinador que quis demonstrar por que razão o considera suplente e poucas vezes o mete a jogar, Jardel que ganhara, na primeira parte, por antecipação todos os lances a Babá e Sami passa a chegar (sempre) tarde e Jorge de Jesus, mesmo assim, começa a ficar chateado porque querendo meter Aimar continua a ver a equipa a ganhar por 1-0.

Teve de tardar minutos e mais minutos até que o Marítimo finalmente inverteu a marcha do marcador... com um golo de Roberto de Sousa do meio-campo... e outro de Sami que chegou primeiro do que Jardel e Garay a um lançamento comprido, ficando Eduardo a meio caminho.

Até que enfim suspirou Jesus... e, então, meteu Aimar. Aimar que teve tempo de falhar dois golos feitos rematando ao lado em lances em que se encontrava na pequena-área.

Estavam assim cumpridos os objectivos de Jesus e do Benfica e que dão título a esta crónica: candidatos ao Nobel da Paz!!! Isso mesmo!!! Por precaução, prevenção ou profilaxia o Benfica preferiu ser derrotado no Funchal do que causar perturbações graves com a sua presença em Alvalade nos quartos de final da prova.

Depois do incêndio real no Estádio da Luz no recente Benfica-Sporting e ainda da gasolina atiçada para o fogo que se revestiram as declarações do presidente e dum vice-presidente do clube leonino, Jesus e o Benfica preferiram uma atitude de paz: perder no Funchal e assim evitar um escaldante Sporting-Benfica... Ahh haa hahaaha...

Nem rábulas de bilhetes, nem "gaiolas" para os adeptos das "águias" (para contrapor às "jaulas" para os "leões"), nem mais expulsões (para Cardozo ou outro qualquer benfiquista...). Ganha o Sporting por falta de comparência do Benfica... e há paz, muita paz!

PS: Isto é tudo muito bonito mas o Jesus que se ponha a pau e não queira repetir a gracinha no próximo jogo do campeonato, na Madeira, contra este mesmo Marítimo: uma nova derrota e aí em vez de Prémio Nobel da Paz, vai ter que se haver com tumultuosas revoltas dos adeptos benfiquistas... cuida-te Jorge... para planeamento estratégico da derrota já chegou o jogo da Taça.

Ficha do jogo aqui

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Women




...Depois admirem-se por ficar viúvas!

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Liberdade - No Centenário de Carlos Marighella

Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome


Carlos Marighella (Salvador, 5 de dezembro de 1911 – São Paulo, 4 de novembro de 1969)

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2011-12-04

Chama da Vida - Filinto Almeida

Dá-me a tua mão, Amiga, e vamos indo
alegremente pela estrada fora.
É já tarde, e o crepúsculo é tão lindo
como foi o dilúculo da aurora.

Vamos subindo devagar, agora;
dá-me o teu braço, assim, vamos subindo...
Repara: é o mesmo Sol de amor de outrora
que ainda no poente ao longe está fulgindo...

Virá depois o luar e, de seguida
clarões de estrelas com que o céu se inflama...
E os clarões, e o luar, e o Sol, querida,

são várias formas de uma mesma chama
que está dentro de nós, - chama da Vida
que rebenta no peito de quem ama.

Francisco Filinto de Almeida (n. no Porto em 4 Dez. 1857; m. no Rio de Janeiro, RJ, em 28 Jan. 1945).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Funesta
Último Apelo
Amor e Razão

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2011-12-03

3-XII-1871 - Candido Guerreiro

Hoje perfaz 140 anos sobre o nascimento do poeta algarvio Cândido Guerreiro; deixamos aqui mais um poema deste autor, um soneto que ele escreveu precisamente sobre o dia do seu nascimento:

Mais alto que o rumor da grande cheia
Que a ribeira trazia, era o lamento
E o galopar das legiões do vento
Pelas vielas lôbregas da aldeia…

Era em Dezembro à noite, às onze e meia,
Quando isso aconteceu… Nesse momento
Entrou em casa um pássaro agoirento
E apagou com as asas a candeia.

Bateu o vento com mais força às portas,
E conta a minha mãe que, sobre o leito,
Da telha vã caíram pingas mortas…

Ao mundo vim assim tão malfadado…
De tarde houvera um temporal desfeito;
Nasceu à noite mais um desgraçado…

Francisco Xavier Cândido Guerreiro (nasceu em Alte no dia 3 de Dezembro de 1871; faleceu em Lisboa, no dia 11 de Abril de 1953).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Do Meu Pequeno Quarto de Estudante
Porque Nasci ao Pé de Quatro Montes
A Minha Terra
HOMO

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2011-12-02

As Exéquias da Princesa II A Princesa a Seus Lábios Durante a Morte - Alfredo Guisado

Sinto os guizos da Morte. E eu bem sei
Que o morrer é partir pra outras paisagens.
Os guizos... São prisões que outrora um rei
Mandou fazer para prender os pajens.

Estreitas frestas por janelas têm
Que em trevas e saudade a luz convertem.
E as esferas que dentro em si contêm,
Os pajens a gritar pra que os libertem.

Sinto os guizos da Morte... A mala posta
Que vai levar-me à torre que eu diviso
E onde quem chama não obtém resposta

E eu própria sou um guizo agonizando.
Minha boca é a fresta desse guizo
Onde um pajem vermelho anda chorando.


(Mais Alto, 1917)
in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc XXI, POrto Editora

Alfredo Pedro de Meneses Guisado (nasceu a 30 de Outubro de 1891 em Lisboa, onde faleceu a 2 de Dezembro de 1975).

Ler do mesmo autor:
Outrora
Apagou-se por fim o incerto lume;
O Baloiço
Um Poema de "Elogio da Desconhecida" - Alfredo Guisado

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2011-12-01

Escrito de Memória - Pedro Tamen

Formado em direito e solidão,
às escuras te busco enquanto a chuva brilha.
É verdade que olhas, é verdade que dizes.
Que todos temos medo e água pura.

A que deuses te devo, se te devo,
que espanto é este, se há razão pra ele?
Como te busco, então, se estás aqui,
ou, se não estás, por te quero tida?
Quais olhos e qual noite?
Aquela
em que estiveste por me dizeres o nome.


Pedro Mário Alles Tamen (nasceu em 1 Dez. 1934 em Lisboa)

Ler do mesmo autor neste blog:
Regando Lentamente as Flores do Rio
Os Dias
Não sei, amor, se te consinto
O mar é longe mas nós somos o vento

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