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2017-12-21

Soneto [Tudo acaba. Esse Monstro carrancudo] - Barbosa du Bocage

Tudo acaba. Esse Monstro carrancudo,
Prole do Averno, efeito do pecado,
Tudo a cinza reduz, brandindo irado
Com sanguinosas mãos o ferro agudo.

Oh fatal desengano, horrendo e mudo
Em pavorosos mármores gravado!
Oh letreiros da Morte! Oh lei do Fado!
É verdade, é verdade: acaba tudo.

Eis o nosso misérrimo destino:
Assim ordena quem nos Céus impera:
Basta, adoremos o poder divino.

Reprime os passos, caminhante, espera,
E no epitáfio do infeliz Josino
Lê o teu nada, o que tu és pondera.

in Poemas Portugueses, Antologia da Poesia Portuguesa do Séc XIII ao Século XXI, Porto Editora

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 de setembro de 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 de dezembro de 1805)

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2011-09-15

Tudo acaba... - Bocage

Tudo acaba. Esse Monstro carrancudo,
Prole do Averno, efeito do pecado,
Tudo a cinza reduz, brandindo irado
Com sanguinosas mãos o ferro agudo.

Oh fatal desengano, horrendo e mudo
Em pavorosos mármores gravado!
Oh letreiros da Morte! Oh lei do Fado!
É verdade, é verdade: acaba tudo.

Eis o nosso misérrimo destino:
Assim ordena quem nos Céus impera:
Basta, adoremos o poder divino.

Reprime os passos, caminhante, espera,
E no epitáfio do infeliz Josino
Lê o teu nada, o que tu és pondera.


in Poemas Portugueses, Antologia da Poesia Portuguesa do Séc XIII ao Século XXI, Porto Editora

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...

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2010-09-15

Temo que a minha ausência e desventura - Bocage

Temo que a minha ausência e desventura
Vão na tua alma, docemente acesa,
Apoucando os excessos da firmeza,
Rebatendo os assaltos da ternura.

Temo que a tua singular candura
Leve o Tempo, fugaz, nas asas presa,
Que é quase sempre o vício da beleza
Génio mudável, condição perjura.

Temo; e se o mau fado, fado inimigo,
Confirmar impiamente este receio.
Espectro perseguidor que anda comigo,

Com rosto alguma vez de mágoa cheio,
recorda-te de mim, dize contigo:
«Era fiel, amava-me e deixei-o»

in Poemas Portugueses, Antologia da Poesia Portuguesa do Séc XIII ao Século XXI, Porto Editora

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...

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2009-12-21

Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga - Bocage, na passagem do 204º aniversário sobre a morte do poeta


Noite Escuraimagem daqui

Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga,
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

Pois manda Amor que a ti sòmente os diga
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel que a delirar me obriga.

E vós, ó cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade
Quero fartar o meu coração de horrores.


in Poemas Portugueses, Antologia da Poesia Portuguesa do Séc XIII ao Século XXI, Porto Editora

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...

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2009-09-15

Glosando o Mote "Morte, Juízo, Inferno e Paraíso" - Barbosa du Bocage

Em que estado meu bem, por ti me vejo,
Em que estado infeliz, penoso, e duro!
Delido o coração de um fogo impuro,
Meus pesados grilhões adoro e beijo.

Quando te logro mais, mais te desejo;
Quando te encontro mais, mais te procuro;
Quando me juras mais, menos seguro
Julgo esse doce amor, que adorna o pejo.

Assim passo, assim vivo, assim meus fados
Me desarreigam d'alma a paz e o riso,
Sendo só meu sustento os meus cuidados;

E, de todo apagada a lua do siso,
Esquecem-me (ai de mim!) por teus agrados
Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.

in Os dias do Amor, Um poema para cada dia do ano, Recolha, selecção e organização de Inês Ramos, Prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho, Ministério dos Livros, 2009

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805).

Ler do mesmo autor:
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...

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2008-09-15

Liberdade onde estás? Quem te demora?

Neste Dia Internacional da Democracia faz 243 anos que nasceu Barbosa du Bocage em Setúbal (e daí o Feriado Municipal que se vive hoje nesta cidade). Deixamos, por isso aqui, este soneto:

Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!), porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?

Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia.
Oh!, venha... Oh!, venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!

Eia! Acode ao mortal que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo.

Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805).

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Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece

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2007-12-21

Já Bocage não sou!... À cova escura - Barbosa du Bocage

Estátua do poeta Bocage na cidade de Setúbal


«Corre o ano de 1805. Bocage jaz, moribundo, na cama que será o seu leito de morte. Percebendo serem estes os seus últimos dias, recorda a riqueza de sua vida, as raras faculdades de inspiração de que era dotado, os desvarios desregrados, vivências libertinas, mas, também, a capacidade de amar e a preocupação pelo andar do seu país e das instituições». (Texto a propósito de Já Bocage Não Sou de José Jorge Letria,Europa-América 2002).

Já Bocage não sou! …À cova escura
meu estro vai parar desfeito em vento…
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!...Tivera algum merecimento,
se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
brade em alto pregão à mocidade,
que atrás do som fantástico corria:

«Outro Aretino fui… A santidade
manchei…Oh!, se me creste, gente ímpia,
rasga meus versos, crê na Eternidade!»

Manuel Maria Barbosa du Bocage (n. em Setúbal a 15 Set 1765; m. em Lisboa a 21 Dec. 1805)

Soneto publicado in «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004


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Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás? Quem te demora?

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2006-12-21

Nascemos para amar - Bocage

Nascemos para amar; a humanidade
Vai tarde ou cedo aos laços da ternura:
Tu és doce atractivo, ó formusura,
Que encanta, que seduz, que persuade.

Enleia-se por gosto a liberdade;
E depois que a paixão n'alma se apura
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhe alguns então felicidade.

Qual se abismou na lôbregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na ideia acesas.

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre;
E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este esquece, aquele morre.

Manuel Maria Barbosa du Bocage (n. em Setúbal a 15 Set 1765; m. em Lisboa a 21 Dec. 1805)

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Ó tranças de que Amor prisão me tece

Liberdade, onde estás? Quem te demora?

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2006-09-15

Ó tranças de que Amor prisão me tece - Bocage

Ó tranças, de que Amor prisão me tece,
Ó mãos de neve, que regeis meu fado!
Ó Tesouro! ó mistério! ó par sagrado,
Onde o menino alígero adormece!

Ó ledos olhos, cuja luz parece
Ténue raio de sol! Ó gesto amado,
De rosas e açucenas semeado
Por quem morrera esta alma, se pudesse!

Ó lábios, cujo riso a paz me tira,
E por cujos dulcíssimos favores
Talvez o próprio Júpiter suspira!

Ó perfeições! Ó dons encantadores!
De quem sois?... Sois de Vénus? - É mentira;
Sois de Marília, sois de meus amores.

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 ; m. Lisboa, 21 Dez 1805)

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