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2017-07-05

O Espelho - Mia Couto



Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.

Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.

A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.

António Emílio Leite Couto [Mia Couto] nasceu na cidade da Beira, em Moçambique, em 5 de julho de 1955.

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2016-07-05

Destino - Mia Couto



à ternura pouca
me vou acostumando
enquanto me adio
servente de danos e enganos

vou perdendo morada
na súbita lentidão
de um destino
que me vai sendo escasso

conheço a minha morte
seu lugar esquivo
seu acontecer disperso

agora
que mais
me poderei vencer?

No livro “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”

Mia Couto é o pseudónimo de António Emílio Leite Couto nascido a 5 de julho de 1950 na cidade da Beira, em Moçambique

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2015-07-05

Destino - Mia Couto


à ternura pouca
me vou acostumando
enquanto me adio
servente de danos e enganos

vou perdendo morada
na súbita lentidão
de um destino
que me vai sendo escasso

conheço a minha morte
seu lugar esquivo
seu acontecer disperso

agora
que mais
me poderei vencer?

In Raiz de Orvalho e Outros Poemas.

Mia Couto é o pseudónimo de António Emílio Leite Couto nascido a 5 de julho de 1950 na cidade da Beira, em Moçambique

Do mesmo autor ler:
Pergunta-me
A demora
Números

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2013-07-05

Pergunta-me - Mia Couto

Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer 


In Raiz de Orvalho e Outros Poemas

Mia Couto é o pseudónimo de António Emílio Leite Couto nascido a 5 de julho de 1950 na cidade da Beira, em Moçambique

Do mesmo autor ler:
A demora
Números


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2013-06-05

A demora - Mia Couto

O amor nos condena:
demoras
mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.

Espero-te antes de haver vida
e és tu quem faz nascer os dias.

Quando chegas
já não sou senão saudade
e as flores
tombam-me dos braços
para dar cor ao chão em que te ergues.

Perdido o lugar
em que te aguardo,
só me resta água no lábio
para aplacar a tua sede.

Envelhecida a palavra,
tomo a lua por minha boca
e a noite, já sem voz
se vai despindo em ti.

O teu vestido tomba
e é uma nuvem.
O teu corpo se deita no meu,
um rio se vai aguando até ser mar.

in " idades cidades divindades"
António Emílio Leite Couto, que usa o pseudónimo literário de Mia Couto, nasceu na Beira, em Moçambique, em 5 de Julho de 1955.

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2012-07-05

NÚMEROS - Mia Couto

Desiguais as contas:
para cada anjo, dois demónios.

Para um só Sol, quatro Luas.

Para a tua boca, todas as vidas.

Dar vida aos mortos
é obra para infinitos deuses.

Ressuscitar um vivo:
um só amor cumpre o milagre.


in Tradutor de Chuvas, Caminho, 2011

António Emílio Leite Couto [Mia Couto] nasceu na cidade da Beira, em Moçamique, em 5 de Julho de 1955.

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2011-07-05

Pergunta-me - Mia Couto

Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer


In Raiz de Orvalho e Outros Poemas

Mia Couto (António Emílio Leite Couto, nasceu na Beira, Moçambique em 5 de Julho de 1955)

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