Liberdade - Miguel Torga
— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Adolfo Correia da Rocha que utilizou o pseudónimo literário de Miguel Torga nasceu a 12 de agosto de 1907 em São Martinho da Anta, Trás-os-Montes, faleceu em 17 de janeiro de 1995.
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Solidão; Boletim; Fé; Encontro; Procura; Ficam as Sombras; Sei um ninho; Queixa; Hora de amor; Mea culpa; Anátema; Livro de Horas; Quase um poema de amor; Perfil; Exorcismo; Bucólica; Arquivo; Rogo,
Claro-escuro
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