A demora - Mia Couto
O amor nos condena: 
demoras 
mesmo quando chegas antes. 
Porque não é no tempo que eu te espero. 
Espero-te antes de haver vida 
e és tu quem faz nascer os dias. 
Quando chegas 
já não sou senão saudade 
e as flores 
tombam-me dos braços 
para dar cor ao chão em que te ergues. 
Perdido o lugar 
em que te aguardo, 
só me resta água no lábio 
para aplacar a tua sede. 
Envelhecida a palavra, 
tomo a lua por minha boca 
e a noite, já sem voz 
se vai despindo em ti. 
O teu vestido tomba 
e é uma nuvem. 
O teu corpo se deita no meu, 
um rio se vai aguando até ser mar. 
in " idades cidades divindades"
 António Emílio Leite Couto, que usa o pseudónimo literário de Mia Couto, nasceu na Beira, em Moçambique, em 5 de Julho de 1955.
 


 






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