INSPIRAÇÃO - António Vianna
À memória de minha Mãe
Montes da minha aldeia, tão formosa,
Que as águas do Mondego ides guiando
Para onde triste fonte está chorando
A morte d'uma amante desditosa!
Aqui passou a infância descuidosa
Aquela que estou sempre recordando;
Aqui as tenras mãos uniu rezando,
À hora do sol posto silenciosa.
O mesmo sino ouviu que estou ouvindo;
Por estes mesmos vales discorrendo,
Memória aqui deixou que estou sentindo.
Quem sabe, doce mãe, se me estais vendo?
Quem sabe se do Céu me estais sorrindo,
E os versos me inspirais que vou escrevendo?
António Vianna - "Flores d'Outono", pág. 9, Imprensa Nacional de Lisboa, Lisboa, 1922.
António José Viana da Silva Carvalho nasceu a 15 de Março de 1858 e faleceu em Abril de 1931.
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