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2014-03-15

INSPIRAÇÃO - António Vianna

À memória de minha Mãe

Montes da minha aldeia, tão formosa,
Que as águas do Mondego ides guiando
Para onde triste fonte está chorando
A morte d'uma amante desditosa!

Aqui passou a infância descuidosa
Aquela que estou sempre recordando;
Aqui as tenras mãos uniu rezando,
À hora do sol posto silenciosa.

O mesmo sino ouviu que estou ouvindo;
Por estes mesmos vales discorrendo,
Memória aqui deixou que estou sentindo.

Quem sabe, doce mãe, se me estais vendo?
Quem sabe se do Céu me estais sorrindo,
E os versos me inspirais que vou escrevendo?


António Vianna - "Flores d'Outono", pág. 9, Imprensa Nacional de Lisboa, Lisboa, 1922.

António José Viana da Silva Carvalho nasceu a 15 de Março de 1858 e faleceu em Abril de 1931.

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