Nos 90 anos do desaparecimento de Roberto de Mesquita
Minha alma, donde nasce a mágoa que te invade?`
Que éden sentes perdido?
Oh! esta cheia poderosa de saudade
Sem alvo definido
ÀS GRADES DA PRISÃO
Às grades da prisão, olhos extasiados
Vêem descer o Sol sobre o mar de metal.
Na tarde de âmbar há murmúrios espalhados
Como preces da Terra à estrela vesperal...
No horizonte rutilante, a toda a vela
Passa um navio; é todo de oiro e de rubis...
Onde vais, onde vais, brilhante caravela
Do rei poeta dum quimérico país?
É triste o alcácer, com salões frios e anosos,
Como as igrejas cheios de ecos cavernosos,
Com grossas portas de mosteiro medieval.
Mas desse interior taciturno, afastado,
Duma estreita janela, olhos extasiados
Vêem descer o sol sobre o mar de metal..
Roberto Augusto de Mesquita Henriques (n. Santa Cruz das Flores, 19 de Junho de 1871 — m. Santa Cruz das Flores, 31 de Dezembro de 1923)
Ler do mesmo autor neste blog:
Spleen
Aves do Mar
Abandonadas
Universalidade II
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