Amores Infelizes - Alberto de Serpa
A Afonso Lopes Vieira
Amor de olhos nos olhos e silêncios,
de grandes palavras irremediáveis: sempre... nunca...,
de beijos nos olhos húmidos e nas frontes enrugadas,
de mãos nas mãos e nada mais...
Amor de longas confidências ao luar e às estrelas,
de ciúmes que fazem insónias e sonetos pessimistas,
de aventurosos planos que se sabe impossíveis,
de perigos pneumónicos nas noites chuvosas, sob uma janela...
Amor de olhar as águas rápidas e nocturnas do rio fundo,
com pensamentos românticos de suicídio fatal,
sentindo já no corpo o frio arrepiante da morte...
Amor de ir à igreja, depois, em manhã clara de Primavera,
e de acabar num hábito suportável e tranquilo...
in «366 Poemas que falam de Amor», uma antologia organizada por Vasco Graça Moura,
Quetzal Editores
Alberto de Serpa Esteves de Oliveira (nasceu no Porto a 12 de Dezembro de 1906 - m. na mesma cidade a 8 de Outubro de 1992)
Ler do mesmo autor, neste blog: Incerteza
Um Jovem Camarada
Poema III
Interferência
Névoa
1 comments:
Luma Rosa
disse...
Sempre apresentando poetas novos para mim. Muito romântico esse poema. Só não entendi o "hábito insuportável" :( Traduz pra mim!! Beijus,
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