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2012-08-14

A Uma Estrela - Lúcio Cardoso

Meu domínio é o do sonho,
minha alegria é a do céu que a tormenta obscurece,
meu futuro é aquele que amanhece à luz do desespero.
Só tu saberás o segredo da minha predestinação.
Só tu saberás a extensão de tantas caminhadas,
só tu conhecerás a casa humilde em que morei.
Quem saberia romper o sortilégio que me cerca,
ó sol vermelho, aurora dos agonizantes.

Mas não reflitas nunca o gesto que condena.
Ai, este país é o da eterna aridez!
Se da altura a estrela não baixar o olhar ao pântano,
maior será a sua impiedade que o seu esplendor.

E só tu Vésper, só tu aplacarás o meu desejo,
só tu poderás depositar, nesta carne crispada,
o beijo que nas trevas dá ao sono a serenidade do repouso.


Considerado o "Dostoiévski brasileiro", o magnífico romancista, dramaturgo, poeta, pesquisador e artista plástico, Joaquim Lúcio Cardoso, nasceu em Curvelo, a 14 de agosto de 1912; morreu no Rio de Janeiro a 24 de setembro de 1968.


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