Cão Paleolítico - Manuel Vaz de Carvalho (um ano após o desaparecimento do poeta
Não desprezes o cão - teu leal amigo!
Chama-o de “irmão” e afaga-lhe o focinho,
Não lhe dês cárcere, leva-o contigo,
Alegre a dar ao rabo, a abrir caminho!
Ele vive a adivinhar os teus desejos,
Ele merece do teu pão e o teu tecto,
Faz tu por entender o seu dialecto
Só de grunhidos broncos e boquejos!
Ele defende o teu eido e o teu cardenho
Como se fossem dele, a duro cenho,
Só em troca de restos e abrigada…
Não o deixes noitar ao léu na lama,
Dá-lhe ninho aos pés da tua cama
E que ele te acorde a mimos de patada!
in Poemas do Solstício, 2ª. Edição, Edições Colibri.
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