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2016-12-21

Ó Retrato da Morte! Ó Noite Amiga - Bocage


Noite Escuraimagem daqui


Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga,
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

Pois manda Amor que a ti sòmente os diga
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel que a delirar me obriga.

E vós, ó cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade
Quero fartar o meu coração de horrores.

in Poemas Portugueses, Antologia da Poesia Portuguesa do Séc XIII ao Século XXI, Porto Editora

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 de setembro de 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 de dezembro de 1805)


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