DO SORTILÉGIO E DA INFÂNCIA - Joanyr de Oliveira
Entre frutas passadas ou imaturas,
a negra mão cerzia o véu da noite;
em sons enovelada e em vã procura
intimidava o céu um açoite.
O menino encharcado de magia,
a ungir o frágil com reverência,
brindava à luz, em pranto estremecia,
e a banhava no mar de sua inocência.
O celeiro de estórias severas,
maior que o templo azul das prateleiras,
concebia sacis, almas e feras.
Espantalhos pingavam das goteiras,
com multidões de filhos de outras eras,
a bailar e a fugir pelas lareiras.
in Soberanas mitologias e a cidade do medo.
Joanyr de Oliveira (Aimorés, 6 de dezembro de 1933 — Brasília, 5 de dezembro de 2009)
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