A Preguiça - Andrei Voznesensky
Abençoada preguiça, que delícia de armadilha,
quando é tanta que nem me levanto, nem durmo de novo.
Preguiça de atender o telefone. Você o alcança, passando uma perna por cima de meu corpo,
ouço a sua voz pertinho de mim, soando como um sino,
e meu estômago é comprimido pelo seu ombro.
"Entradas?" - diz você -"Que vão para o diabo. Ai, que preguiça!"
Dentro de nós a lentidão dos dias mergulha na sombra,
A preguiça é o motor do progresso. A chave para Diógenes é a preguiça.
Só o que sei é que você é encantadora -
o resto é lixo.
Este mundo é feio? Dê um jeito de ir levando.
Preguiça de ir pegar o telegrama - passe-o por baixo da porta.
Preguiça de ir jantar, preguiça de apagar a luz,
preguiça até de terminar a frase:
hoje é segun...
Nesta estrada o mês de junho,
bêbado, derramou-se:
sátiro com pés de bode
descalços - e usando shorts.
Tradução de Lauro Machado Coelho
Exttraído de "Poesia Soviética"; algol editora
Andrei Andreyevich Voznesensky, em russo Андре́й Андре́евич Вознесе́нский (nasceu em Moscovo na então União Soviética a 12 de maio de 1933 e faleceu em Moscovo, Rússia, a 1 de junho de 2010)
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