Soneto Impróprio - Fernando Semana
Saudade enternecida me atormenta
Do teu mavioso olhar na despedida,
Dos sons dos sapatos em passada lenta,
Mais do que da tua silhueta despida…
Porque permanecem momentos subtis
E fenecem outros mais extremos de altos
E baixos? São ermos os pensamentos vis:
Nascemos, morremos, somos intervalos!
Não me conforta a consolação do verso
Mostrar que a rítmica não desfalece
Se em mim a esperança se desvanece
De ouvir teus passos apressados de regresso
Do mote da minha vida: esta ambição
Faz o impróprio soneto confissão.
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