SONETO [Duas almas que tarde se encontraram ] - Júlio Dantas
Duas almas que tarde se encontraram, 
Como as nossas, meu bem, e tantas mais, 
Porque modo se tornaram tão iguais 
Se em tão diversos meios se criaram?
Umas em berço de ouro as embalaram, 
Às outras a erva fez berços rurais: 
E sendo de princípio desiguais, 
Depois tão semelhantes se tornaram.
Há bem pouco prendemos nossas vidas, 
Já cuidas de meu bem como teu bem, 
Já meu mal de agora vais sofrendo:
E as nossas almas tão parecidas, 
Como essas duas lágrimas que vêm 
Por tuas faces de âmbar escorrendo.
"Nada" (1896), in Líricas Portuguesas
Júlio Dantas (Lagos, 19 de maio de 1876 — Lisboa, 25 de maio de 1962)
 


 






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