A ÁRVORE - Fábio Montenegro
Hirta, negra, espectral, chora talvez. Responde
Seu próprio choro, à voz do vento que a fustiga,
Ela que ao sol floriu, floriu às chuvas, onde
A paz é santa, o campo é doce, a noite é amiga ...
Essa que esconde a chaga, essa que a história esconde,
Que conhece a bonança e a borrasca inimiga,
já foi flor, foi semente, e, sendo arbusto, a fronde
Ergueu para a amplidão às aves e à cantiga.
Que infinita tristeza o fim da vida encerra
A quem já pompeou do Sol na própria luz.
As flores para o céu e a sombra para a terra!
Foi semente, brotou... Árvore transformada,
Sorriu em cada flor; e hoje, de galhos nus,
Velha, aguarda a tortura estúpida do nada!
Fábio Montenegro nasceu em Santos, SP a 26 de maio de 1891 e faleceu a 21 de agosto de 1920.
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