Cleópatra - Gustavo Teixeira
Sob o pálio de um céu broslado de cambiantes,
a galera real, de tírias velas têsas,
avança rio a dentro, arfando de riquezas,
cheia de um resplendor de pedras coruscantes.
Sob um dossel de bisso, entre espirais ebriantes
de incenso, a escultural princesa das princesas
cisma... Remos de prata, à flor das correntezas,
deixam móbeis jardins de bolhas trepidantes...
Soluçam harpas d'oiro às mãos de ancilas belas;
Branda aragem enfuna a púrpura das velas
e à tona da água alveja um espumoso friso.
E a Náiade do Egito, ao ver a frota ingente
de Marco Antônio, ri, levando unicamente
contra as lanças de Roma a graça de um sorriso.
Gustavo de Paula Teixeira (n. São Pedro, Estado de São Paulo, Brasil, 4 de março de 1881 — f. São Pedro, 22 de setembro de 1937)
Do mesmo autor ler: Casa Paterna
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