Presagio - Domitilla de Carvalho
Vai pelo ar um sopro de agonia
No silencio da tarde que esmorece
E julgo ouvir soluços numa prece
A abençoar a Extrema unção do dia
Cada nuvem que passa fugidia
Aos meus olhos medrosos aparece
Monstruoso fantasma que enegrece
A tristeza das coisas, doentia.
Em vão se perde o pensamento quando
Penso em achar uma razão de ser
Da vida que me vai mortificando
Em vão procura io m eu olhar dorido
As sombras infindáveis do Não-ser
Nesse país do Além desconhecido.
in Occidente Revista Illustrada de Portugal e do Estrangeiro
Editor e Director-proprietário Caetano Alberto da Silva
37º Ano, Volume nº. 1262, 20 de Janeiro de 1914
in Jornal das Moças, Revista Quinzenal Illustrada, Anno I, número 1
Rio de Janeiro, 21 de maio de 1914
Domitilla Hormizinda Miranda de Carvalho (Travanca da Feira, 10 de Abril de 1871 — Lisboa, 11 de Novembro de 1966)
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