Deitei agora mesmo o açúcar no cinzeiro - Mário Dionísio (na passagem dos 20 anos do seu desaparecimento)
Deitei agora mesmo o açúcar no cinzeiro
Caiu-me a cinza no café
Onde pensei azul vejo vermelho
E a linha como tonta alheia e brusca se desprende
e furta à intenção da mão que a traça
O que o dia todo desenhei
eu próprio olho espantado e espantado não sei
em verdade o que é
Rigoroso analista que nos outros tudo entende
que se passa?
in Memória dum pintor desconhecido, Portugália Editora, 1965
Mário Dionísio (Lisboa, 16 de Julho de 1916 - Lisboa, 17 de Novembro de 1993)
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