Noites Perdidas - Fernando Pinto Ribeiro
Ao António Mourão
Noites perdidas no sonho
em que morrendo suponho
que vale a pena viver
Noites em que eu me encontrei
tão perdido que me achei
sem sequer me conhecer
Noites de bruma e de breu
em que eu deixei de ser eu
para ser quem sou agora
Noites de luta sangrenta
da treva que me alimenta
com a luz que me devora
Noites das tardas vielas
na solidão das janelas
olhando o mar e a lua
Noites de fogo e de frio
que me inundam como um rio
a transbordar pela rua
Noites do amor feito crime
que me condena e redime
do pecado de viver
Noites em que eu me encontrei
tão perdido que já sei
que vale a pena morrer.
in “Viola Delta XXVII – Poemas sobre Lisboa”,
Lisboa, 1999 – Coordenação de Fernando Grade.
(versão alterada em 2002, em manuscrito enviado para publicação no lavra Boletim de Poesia”)
Extraído daqui
Fernando Pinto Ribeiro nasceu na Guarda em 10 de janeiro de 1928, faleceu em 20 de fevereiro de 2009
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