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2013-01-29

A Um Corpo Perfeito - Gomes Leal



Nenhum corpo mais lácteo e sem defeito
Mais róseo, escultural e feminino,
Pode igualar-se ao seu, branco e divino
Imóvel, nú, sobre o comprido leito! -

Nada te iguala! O ferro do assassino
Podia, hoje, matá-la, que o meu peito
Seria o esquife embalsamado e fino
D'aquele corpo sem rival, perfeito.

Por isso é muito altiva e apetecida; -
E o gozo sensual de a ver vencida
Há-de ser forte, estranho e singular...

Como o das coisas dignas de castigo;
- Ou d'um amante sacerdote antigo,
Derrubando uma deusa d'um altar.


in 'Claridades do Sul'

António Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 Jun 1848; m. 29 Jan 1921)

Ler do mesmo autor, neste blog:
À Janela do Ocidente
Os Meus Amigos o Palhaço e o Coveiro
O Amor do Vermelho (Nevrose de um Lord)
A Lady

Romantismo
Som e Cor
O Visionário ou Som e Cor III
Cantiga de Campo
À Janela do Ocidente


1 comments:








Lúcia Laborda

disse...

Nando; fiquei feliz em lhe ver novamente. Muito bom mesmo!
Gostei do soneto! Amor, ou castigo? Entre a claridade e a obscuridade o desejo, um corpo de mulher...
Gostei demais!
Beijos
Nando; essa verificação não aparece e o comentário não consigo enviar.