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2011-10-12

Quando o Amor Morrer Dentro de Ti - Ruy Cinatti (na passagem dos 25 anos do desaparecimento do poeta)

Quando o amor morrer dentro de ti
Caminha para o alto onde haja espaço,
E com o silêncio outrora pressentido
Molda em duas colunas os teus braços.
Relembra a confusão dos pensamentos,
E neles ateia o fogo adormecido
Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido
Espalhou generoso aos quatro ventos.
Aos que passarem dá-lhes o abrigo
E o nocturno calor que se debruça
Sobre as faces brilhantes de soluços.
E se ninguém vier, ergue o sudário
Que mil saudosas lágrimas velaram;
Desfralda na tua alma o inventário
Do templo onde a vida ora de bruços
A Deus e aos sonhos que gelaram.


(Anoitecendo, a Vida Recomeça, 1942)
in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI

Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes (Londres, 8 de Março de 1915 — Lisboa, 12 de Outubro de 1986)

Ler do mesmo autor, neste blog: Vigília


1 comments:








Anónimo

disse...

Caro Fernando:
54 abraços de parabéns!
Rui