Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.
Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco. Esse era
Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho que já desespera.
Abre a quem não bater à tua porta!
5-9-1934
in Obra Essencial de Fernando Pessoa - Poesia do Eu - edição Richard Zenith - Assírio & Alvim
FERNANDO António Nogueira PESSOA, nasceu a 13 de Junho de 1888 e faleceu em Lisboa a 30 de Novembro de 1935.
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O guardador de rebanhos - XXI (Alberto Caeiro)
O guardador de rebanhos - XXVIII (Alberto Caeiro)
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Cruz na porta da tabacaria
Fragmentos do Livro do desassossego - Bernardo Soares
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O que há em mim é sobretudo cansaço
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