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2014-01-17

Súplica - Miguel Torga

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga (Adolfo Correia da Rocha) (n. em São Martinho de Anta, Sabrosa, Trás-os-Montes, a 12 de Agosto de 1907 ; m. em Coimbra a 17 de Janeiro de 1995).


Ler do mesmo autor, neste blog:
Mãe
Preservação
Adeus
Depoimento
Poema Melancólico a Não Sei a Que Mulher
Encontro
Glória
Ficam as Sombras
Sei um ninho
Queixa

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