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2011-12-21

Morte, Juízo, Inferno e Paraíso - Bocage


Em que estado meu bem, por ti me vejo,
Em que estado infeliz, penoso, e duro!
Delido o coração de um fogo impuro
Meus pesados grilhões adoro e beijo.

Quando te logro mais, mais te desejo,
Quando te encontro mais, mais te procuro,
Quando mo juras mais, menos seguro
Julgo esse doce amor, que adorna o pejo.

Assim passo, assim vivo, assim meus fados
Me desarreigam da alma a paz, e o riso,
Sendo só meu sustento os meus cuidados.

E, de todo apagada a luz do siso,
Esquecem-me (ai de mim!) por teus agrados
Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.

in Os dias do Amor - Um poema para cada dia do ano,
Recolha, selecção e organização de Inês Ramos
Prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho
Ministério dos Livros

Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Tudo Acaba
Ó Retrato da Morte! Ó Noite Amiga
Temo que a minha ausência e desventura
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...

2 comentários:

Lúcia Laborda disse...

Querido amigo; Bocage sem comentários! Perfeito!
Desejo a você um Natal cheio de paz, saúde, amor e fé.
Beijos

Unknown disse...

Meu querido amigo Fernando,
Quero aproveitar hoje para desejar-lhe um Natal lindo e cheio de paz, harmonia, ternura e muito amor...
Que no ano novo que se inicia possamos continuar a partilhar idéias e ideais...
Obrigada por continuar a fazer parte de minha vida...
Beijos, flores e muitos sorrisos

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