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2011-10-24

Rios - Amadeu Amaral


Rio Douro imagem daqui

Almas contemplativas! Vão rolando
por esta vida, como os rios quietos...
Rolam os rios – árvores e tectos,
céus e terras, tranquilos, espelhando;

vão reflectindo todos os aspectos,
num serpentear indiferente e brando;
espreguiçam-se, límpidos, cantando,
no remanso dos sítios predilectos;

fecundam plantações, movem engenhos,
dão de beber, sustentam pescadores,
suportam barcos e carreiam lenhos...

Lá se vão, num rolar manso e tristonho,
cumprindo o seu destino sem clamores
e sonhando consigo um grande sonho.

Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado nasceu em Capivari (SP) a 6 de Novembro de 1875 e faleceu em São Paulo a 24 de Outubro de 1929. Chegou em 1888 à capital do estado e, em 1921, abordou o Rio de Janeiro, mas depressa regressou a São Paulo. Foi jornalista e conferencista, dedicou-se ao magistério particular, notabilizou-se pelos seus estudos folclóricos e foi pioneiro de estudos dialectológicos. Como poeta, integrou-se na transição do parnasianismo para o simbolismo.

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Soneto da Serpente
Lua
Voz Íntima
Versos Nevoentos
Sonho der Amor

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