Tudo acaba. Esse Monstro carrancudo,
Prole do Averno, efeito do pecado,
Tudo a cinza reduz, brandindo irado
Com sanguinosas mãos o ferro agudo.
Oh fatal desengano, horrendo e mudo
Em pavorosos mármores gravado!
Oh letreiros da Morte! Oh lei do Fado!
É verdade, é verdade: acaba tudo.
Eis o nosso misérrimo destino:
Assim ordena quem nos Céus impera:
Basta, adoremos o poder divino.
Reprime os passos, caminhante, espera,
E no epitáfio do infeliz Josino
Lê o teu nada, o que tu és pondera.
in Poemas Portugueses, Antologia da Poesia Portuguesa do Séc XIII ao Século XXI, Porto Editora
Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...
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