Temo que a minha ausência e desventura
Vão na tua alma, docemente acesa,
Apoucando os excessos da firmeza,
Rebatendo os assaltos da ternura.
Temo que a tua singular candura
Leve o Tempo, fugaz, nas asas presa,
Que é quase sempre o vício da beleza
Génio mudável, condição perjura.
Temo; e se o mau fado, fado inimigo,
Confirmar impiamente este receio.
Espectro perseguidor que anda comigo,
Com rosto alguma vez de mágoa cheio,
recorda-te de mim, dize contigo:
«Era fiel, amava-me e deixei-o»
Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...
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