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2015-01-17

Fé - Miguel Torga

Venha o sol que vier, é uma promessa
O que a manhã nos traz na sua alvura.
É outra vez a vida que começa
Aberta de inocência e de frescura.

Cipreste frio, a noite! Cor impura.
Triste elegia a tinta negra impressa.
Venha o sol que vier, tem mais altura
O sonho que se veja e que se meça.

Claro como a verdade - diz o povo.
Doce como um começo, o fruto novo
Onde reluz o laivo que o pintou.

Venha o sol que vier, é um outro dia
No límpido país da fantasia
Que a nossa escuridão iluminou.


Extraído de Cem Sonetos Portugueses, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria. Terramar

Miguel Torga pseudónimo literário de Adolfo Correia da Rocha nasceu a 12 de agosto de 1907 em São Martinho da Anta, Trás-os-Montes, faleceu em 17 de janeiro de 1995.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Encontro; Procura
Ficam as Sombras; Sei um ninho; Queixa; Hora de amor; Mea culpa; Anátema; Livro de Horas; Quase um poema de amor; Perfil; Exorcismo; Bucólica; Arquivo; Rogo.

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