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2013-09-15

O autor aos seus versos - Barbosa du Bocage

Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:

Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:

Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz e tirania:

Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito de gemer cansado e rouco.


Manuel Maria Ledoux de Barbosa du Bocage (n. 15 Set 1765 em Setúbal; m. Lisboa, 21 Dez 1805)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Tudo acaba...
Proposição das rimas do poeta
Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga
Já Bocage não sou! ...À Cova escura
Nascemos para amar
Ó tranças de que Amor prisão me tece
Liberdade, onde estás quem te demora...

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