Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
colher nos vales lírios e boninas,
e galgamos dum fôlego as colinas,
dos rocios da noite inda orvalhadas,
ou, vendo o mar, das ermas encumeadas,
contemplamos as nuvens vespertinas,
que parecem fantásticas ruínas,
ao longe, no horizonte, amontoadas,
quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
sinto tremer-te a mão e empalidece...
O vento e o mar murmuram orações,
e a poesia das coisas se insinua
lenta e amorosa em nossos corações.
Antero Tarquínio de Quental (n. Ponta Delgada, S.Miguel, Açores a 18 Abr. 1842; m. em Ponta Delgada a 11 Set. 1891)
in A Circulatura do Quadrado, Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Edições Unicepe 2004
Ler do mesmo autor, neste blog:
Consulta
O Que Diz a Morte
Ideal
Velut Umbra
Pepa (excerto)
Palácio da Ventura
Mors-Amor
1 comentário:
É um dos meus mais amados sonetos de Antero.esse e os outros que tem aí. Publiquei no meu blogue uns 14, sob a etiqueta/tag «ensinou a pensar em ritmo»
Obrugada,Dr.Google, que nos lembrou a data!
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