Vivia aquele Freixo no alto monte,
Verde e robusto: apenas o tocava
O brando vento, apenas o deixava
De abraçar pelos pés aquela fonte.
Tão soberbo despois levanta a fronte,
Como o Pavão, do bosque donde estava,
Envejoso de ver que o mar cortava
Um Pinho que nasceu dele defronte.
Ora saiu da terra e foi navio,
Lutou c'o Mar, lutou c'o vento em guerra:
- Quedas viu ser o que esperava abraços.
Ei-lo que chora em vão seu desvario.
De longe a vê, chegar deseja à terra:
Não lho consente o Mar, nem em pedaços.
in Obras Métricas
Extraído de Poemas Portugueses. Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI
D. FRANCISCO MANUEL DE MELO nasceu em Lisboa a 23 de novembro de 1608 e morreu em Alcântara, Lisboa a 13 de outubro de 1666.
Ler do mesmo autor:
Junto do manso Tejo que corria
Soneto L Moral (Formusura, e Morte advertidas por um corpo belíssimo, junto à sepultura)
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