Pastores, que levais ao monte o gado,
Vêde lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver se o meu rosto magoado:
Eu ando (vós me vêdes) tão pesado;
E a pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:
Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.
Cláudio Manoel da Costa (nasceu em Vargem do Itacolomi, hoje Mariana, MG a 5 de junho de 1729 — morreu em Vila Rica, atual Ouro Preto, MG, a 4 de julho de 1789)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Soneto XXVI: Não vês Nise, este vento desabrido
Nise? Nise? Onde estás? ...
Soneto XCVIII;
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