No silêncio da noite, em que vigio,
Desterrado da terra o pensamento,
No que dentro nesta alma represento,
Ora me aquento mais, ora me esfrio.
E pera temperar fogo com frio,
Em que me esfrio mais, ou mais me aquento,
Dos efeitos do puro sentimento
Na minha saudade choro e rio.
Depois destes contrários temperados
Na môr quietação, na môr brandura
Meus pensamentos ficam sepultados:
Temperada a frieza na quentura
Do meu divino amor tão apurados,
Que me deixam em paz na sepultura.
Frei Agostinho da Cruz tera nascido em Ponte da Barca a 3 de Maio de 1540; faleceu em Setúbal a 14 de Março de 1619.
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