Muito cedo deixei de ser criança
e só guardei, à guisa de brinquedo,
encharcada de lua essa lembrança
de não ser mais criança muito cedo.
É esse cheiro de terra e a brisa mansa
ondulante de verde e de arvoredo
e o folguedo doirado dessa trança
que um dia me contou o seu segredo.
O menino que eu fui ainda corre
no meu país distante. O dia morre,
as sombras vão descendo, o sono vence-o.
E ele dorme, de mim desencontrado,
o menino que eu fui dorme embalado
na surdez em surdina do silêncio.
e só guardei, à guisa de brinquedo,
encharcada de lua essa lembrança
de não ser mais criança muito cedo.
É esse cheiro de terra e a brisa mansa
ondulante de verde e de arvoredo
e o folguedo doirado dessa trança
que um dia me contou o seu segredo.
O menino que eu fui ainda corre
no meu país distante. O dia morre,
as sombras vão descendo, o sono vence-o.
E ele dorme, de mim desencontrado,
o menino que eu fui dorme embalado
na surdez em surdina do silêncio.
extraído de "Cem Poemas Portuguesas sobre a Infância", selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar
Sidónio Muralha (nasceu na Madragoa, Lisboa a 28 de Julho de 1920; m. a 8 de Dez.1982 em Curitiba, Paraná, Brasil).
Ler do mesmo autor, neste blog:
Romance
Dois Poemas da Praia da Areia Branca
Poemas de Sidónio Muralha
Os Olhos das Crianças
Sem comentários:
Enviar um comentário