Ah! as coisas incríveis que eu te contava
assim misturadas com luas e estrelas
e a voz vagarosa como o andar da noite!
As coisas incríveis que eu te contava
e me deixavam hirto de surpresa
na solidão da vila quieta!...
Que eu vinha alta noite
como quem vem de longe
e sabe os segredos dos grandes silêncios
— os meus braços no jeito de pedir
e os meus olhos pedindo
o corpo que tu mal debruçavas da varanda!...
(As coisas incríveis eu só as contava
depois de as ouvir do teu corpo, da noite
e da estrela, por cima dos teus cabelos.
Aquela estrela que parecia de propósito para enfeitar os teus cabelos
quando eu ia namorar-te...).
Mas tudo isso, que era tudo para nós,
não era nada na vida!...
Da vida é isto que a vida faz.
Ah! sim, isto que a vida faz!
— isto de tu seres a esposa séria e triste
de um terceiro oficial de finanças da Câmara Municipal!...
Do mesmo autor, no Nothingandall:
Depois Vinha o Luar
Poema da Menina Tonta
Estradas
Segundo dos Poemas de Infância
Ruas da Cidade
Os olhos do poeta
Tejo Que Levas as Águas
1 comentário:
É meu amigo; onde as coisas se perderam? Como foram esquecidas as luas cheias de magias, onde o casal debruçava na janela e o amor acontecia?
Lindo e nostálgico poema!
Boa semana! Beijos
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