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2012-03-01

Castelo de Óbidos - Camilo Pessanha

Autor: Mateus Moreno daqui

Quando se erguerão as seteiras,
Outra vez, do castelo em ruína,
E haverá gritos e bandeiras
Na fria aragem matutina?

Se ouvirá tocar a rebate
Sobre a planície abandonada?
E sairemos ao combate
De cota e elmo e a longa espada?

Quando iremos, tristes e sérios,
Nas prolixas e vãs contendas,
Soltando juras, impropérios,
Pelas divisas e legendas?

E voltaremos, os antigos
E puríssimos lidadores,
- Quantos trabalhos e perigos!
Quase mortos e vencedores?

E quando, ó Doce Infanta real,
Nos sorrirás do belveder -
Magra figura de vitral,
Por quem nós fomos combater?

Extraído de Antologia de Poemas Portugueses Modernos por Fernando Pessoa e António Botto. Ática Poesia

CAMILO de Almeida PESSANHA nasceu em Coimbra a 7 de Setembro de 1867 e morreu, tuberculoso, em Macau (China) a 1 de Março de 1926.

Ler neste blog, do mesmo autor:
Singra o navio. Sob a água clara
Água Morrente
Fonógrafo
Interrogação
Desce em Folhedos Tenros a Colina
Estátua
Foi um dia de inúteis agonias
Quem poluiu quem rasgou os meus lençois de linho
Floriram por engano as rosas bravas
Caminho I
Ao longe os barcos de flores
Queda

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