Às vezes sonho o sonho estranho e persistente
de u'a mulher que eu amo e me é desconhecida.
Sempre a mesma não é, essa mulher querida,
mas também, é certo, não é outra, totalmente.
Ela me compreende e me ama... Tão somente
a essa mulher desvendo o coração e a vida.
Mas também minha fronte, pela dor ferida,
ela só é quem sabe afagar, docemente...
Ela é morena, ou loira, ou ruiva? Eu o ignoro.
Seu nome? Apenas sei que é doce e que é sonoro
como os nomes de amantes que a Vida exilou.
Parece olhar de estátua o seu olhar vazio.
E tem na voz, longínqua e calma, o lento, o frio,
o triste acento de uma voz que se calou...
Paul Marie Verlaine (n. Metz, 30 de Março de 1844, – m. Paris, 8 de Janeiro de 1896)
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